A Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) realiza anualmente, no mês de setembro, a Campanha Nacional de Doação de Órgãos, denominada “Setembro Verde”. Com o intuito de conscientizar a sociedade sobre o processo de doação de órgãos e tecidos e da importância de informar aos familiares sobre o desejo de ser um doador, a Comissão Intra Hospitalar de Doação de órgãos e Tecidos para Transplantes (CIDHOTT) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo (SP), prepara para este mês, iniciativas baseadas nesse tema.
Na quarta-feira (21), a Comissão do Hospital realiza um ciclo de palestras com médicos e profissionais da Central de Transplantes e da Organização de Procura de Órgãos da Santa Casa de São Paulo, que lidam diariamente com doadores e seus familiares. O panorama sobre a fila de transplantes no país e suas problemáticas, a abordagem com os familiares e a captação de possíveis doadores serão os temas apresentados durante o evento pelos especialistas. A fachada da Instituição também ficará iluminada de verde, cor tema da campanha, durante todo o mês de setembro.
Além disso, o hospital preparou uma exposição de desenhos sobre o tema elaborados por alunos do colégio alemão Benjamin Constant, que também farão uma apresentação de dança típica alemã. A mostra é resultado de um ciclo de palestras feitas pela equipe de transplantes do hospital junto aos estudantes do tradicional colégio paulistano, que impactou mais de 400 jovens entre 13 a 17 anos. Dos 74 trabalhos selecionados, a comissão irá escolher cinco, um de cada turma, e os alunos serão premiados.
Doação de órgãos em números
De acordo com a ABTO, no primeiro semestre deste ano, 33.200 pessoas no Brasil estavam inscritas na fila de transplante. Ainda segundo dados da associação, o número de doadores efetivos de órgãos no país subiu de 13,1 para 14 por milhão de habitantes no segundo trimestre de 2016. Apesar do aumento, o número ainda está abaixo do previsto – de 16 por milhão de habitantes -, e ainda há 45% de recusa familiar na autorização da doação.
Segundo Dr. Philip Bachour, Coordenador do Transplante de Medula Óssea do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, no caso de doadores falecidos, quando é comprovada a morte encefálica, o motivo das famílias não autorizarem a doação de órgãos está ligado ao desconhecimento. “Ainda é preciso trabalhar muito para que os números atinjam a média. As campanhas de conscientização sobre o tema são importantes para esclarecer e desmitificar as principais dúvidas da sociedade relacionadas à doação”, diz. O especialista afirma que é importante as famílias introduzirem essa conversa em suas rotinas. “Muitas pessoas apontam que desconheciam a vontade do familiar sobre a doação. Pode parecer estranho conversar sobre isso quando estamos totalmente saudáveis, mas ter essa abordagem durante o dia a dia, com calma, é mais fácil de elucidar do que em um momento crítico em que a família está abalada”, explica.
Já em relação ao transplante de medula óssea – tecido que fica no interior dos ossos e é responsável pela produção das células do sangue e das células de defesa como as hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas -, o Brasil tem o terceiro maior registro de doadores do mundo, com 4,5 milhões de voluntários, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha. Nesses casos, o transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente ou alogênico, quando vem de um doador. “Dentro de poucas semanas após o procedimento, a medula óssea do doador fica inteiramente recuperada. A doação é uma ação 100% segura e altruísta”, esclarece o Dr. Bachour. Segundo a ABTO, no primeiro semestre foram realizados 976 transplantes de medula em todo o Brasil.
A doação de órgãos, como coração, pulmão, córneas, pâncreas e ossos, só é realizada após a constatação de morte encefálica, isto é, quando há interrupção irreversível das atividades cerebrais do indivíduo. Em caso de doadores vivos, realiza-se a doação de órgãos, como o rim, fígado e medula óssea.