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SBPC/ML esclarece conceitos equivocados sobre exames laboratoriais

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A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) alerta que falar em excesso de exames realizados pela população e a grande quantidade de laudos não retirados já virou justificativa comum, sem o devido embasamento, para os gargalos assistenciais que o sistema de saúde brasileiro enfrenta.

A reportagem da Folha de S.Paulo da última terça-feira (4) sobre um projeto da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, que visa organizar o caminho de atendimento de pacientes com câncer, foi mais um exemplo de como representantes do setor repetem informações relativas à suposta utilização em excesso de exames laboratoriais (“estamos tendo muitos exames desnecessários”) sem dados comprobatórios, o que contribui para a formação de opiniões distorcidas na população sobre os desafios da Saúde.

A SBPC/ML não nega que há necessidade de melhorias para o uso racional de procedimentos médicos no país, mas os motivos para isso são bem mais amplos do que as justificativas frequentes e, muitas vezes, infundadas relatadas por agentes do setor.

Não há dados que comprovem a relação entre o número de laudos não retirados e o vertiginoso aumento nos custos da saúde. De acordo com as estatísticas da SBPC/ML – que reúne cerca de 1000 associados, entre profissionais, laboratórios e empresas fornecedoras – o número de exames realizados e não retirados não ultrapassam 5% dos procedimentos realizados.

Além disso, os resultados críticos e determinados exames são comumente informados ao médico por telefone e/ou internet (procedimento padrão nos laboratórios clínicos), ou seja, sem a necessidade do laudo impresso. “Acreditamos que esse percentual é aceitável e não é causa dos desperdícios em saúde, como comumente divulgado e citado por profissionais do setor”, disse o presidente da SBPC/ML, Alex Galoro, em carta enviada ao Ministro da Saúde, Ricardo José Magalhães Barros, no mês de julho, com o intuito de esclarecer esses conceitos e posicionamentos equivocados por parte de autoridades representativas do setor de Saúde.

Os gastos em saúde com as práticas da Medicina Laboratorial, segundo dados de literatura científica, não ultrapassam 3% do total de gastos em saúde, em contrapartida, a especialidade médica responde por 70% das decisões clínicas do país.

Outra afirmação bastante divulgada, porém incorreta, é que exames laboratoriais com resultado normal são desnecessários. A Sociedade ressalta que esses exames também são importantes para excluir uma determinada hipótese diagnóstica. Exames como a dosagem da glicemia, para o diagnóstico de diabetes; sorologia, para HIV; e do PSA, para o câncer de próstata, apresentam frequentemente resultados normais, mas são extremamente necessários. O exame seria desnecessário se o seu resultado não interferisse na conduta clínica, independentemente de ser normal ou alterado.

Apesar das considerações, a SBPC/ML enfatiza que a iniciativa da ANS de buscar organizar em conjunto os caminhos do paciente dentro da rede, retratada na matéria, é positiva e necessária.

Para a SBPC/ML, uma mudança que contribuiria para otimizar a utilização dos recursos do setor seria a aproximação dos Patologistas Clínicos de outros especialistas. Os Patologistas Clínicos são profissionais habilitados para participar das indicações e interpretações laboratoriais em conjunto com os demais especialistas.

No modelo assistencial atual, não há ingerência dos profissionais de laboratórios sobre os pedidos médicos, distanciando as práticas clínicas das evidências laboratoriais e contribuindo para a utilização com menor racionalidade. Da mesma forma, a falta de protocolos e diretrizes clínicas, a pequena aderência às diretrizes existentes e a baixa importância e tempo dedicados na graduação médica, para a Patologia Clínica, contribuem para este distanciamento e uso inadequado dos exames laboratoriais.

A SBPC/ML realiza um trabalho contínuo de conscientização sobre a importância dos exames laboratoriais e a necessidade do seu uso adequado, e tem a certeza que, quando os exames são bem indicados e corretamente interpretados, eles ajudam a evitar a solicitação de procedimentos mais complexos, invasivos e mais caros; contribuem fortemente para a viabilidade financeira do setor; e, principalmente, aumentam a segurança dos pacientes.


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