Por Carol Gonçalves
Receitas de R$ 139,5 bilhões e despesas de R$ 118 bilhões na área médico-hospitalar. Esses são os números de 2015 referentes à saúde suplementar, de acordo com a ANS, demonstrando a estreita margem entre esses valores, que se traduz em um grande desafio para os players do setor.
Dando continuidade ao nosso especial sobre redução de custos, contamos, nesta edição, com a participação de uma consultoria e de um hospital abordando a importância de se ter uma gestão baseada em evidências, métricas, boas práticas, avaliações por performance e padronização de procedimentos para garantir a sustentabilidade da instituição.
Segundo o presidente da Wiabiliza Consultoria Empresarial, Jorge Ruivo, a avaliação por performance é uma combinação de indicadores que vão estabelecer metas. Na sequência, são definidas as métricas que serão utilizadas para mensurar se aquela meta foi ou não alcançada. “Não há risco de medir performance quando a construção dos indicadores e do processo de avaliação é claro e objetivo”.
Ruivo afirma que as métricas estimulam os profissionais de várias áreas e hierarquias a racionalizarem recursos, de forma que cada processo seja sempre revisto em relação à otimização de materiais, às suas necessidades reais de existência e aos impactos que pesam na responsabilidade de cada cargo e departamento da empresa. Todas as áreas do hospital podem ter um indicador para medir a eficácia e a melhor forma de desenvolver um trabalho, um processo e uma atividade.
“Se compararmos dois médicos em um mesmo procedimento cirúrgico, certamente o consumo de material e o tempo de uso do centro cirúrgico não serão os mesmos, e isso tem a ver com eficiência e eficácia, habilidades, competências e estudo sobre a melhor forma de se executar qualquer coisa”, explica Ruivo. Realizar estudos sobre o melhor processo a ser adotado, com cuidado para que seja respeitado e aplicado, certamente refletirá em melhores resultados. Neste caso é possível medir consumo de materiais e de tempo, utilização de recursos e instrumentos na medida adequada, e assim por diante.
O uso de métricas e avaliadores de desempenho resultaria também na satisfação do paciente, uma vez que os tratamentos seriam mais efetivos. Enquanto nos Estados Unidos há a cultura de avaliar os procedimentos médicos e os profissionais da medicina, no Brasil o tema ainda encontra resistência. “Os hospitais não avaliam por desempenho e não usam métricas, o que seria uma das causas da estreita margem entre receita e despesa”.
Segundo Ruivo, o retorno para os hospitais que fazem uso dessas ferramentas é a melhor conduta profissional. “Os custos para os hospitais são altos, e quando se mede performance, certamente os valores diminuem, é uma tendência. As métricas impactam nos custos porque sua função é apontar sempre o melhor procedimento”, afirma.
(Continua…)