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“Impulsionada por jovens, nova epidemia de HIV/AIDS não está descartada”, alerta Fundo PositHiVo

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Foi apresentado ontem pelo Ministério da Saúde o novo boletim epidemiológico de HIV/AIDS no Brasil. O novo relatório apresenta dados ainda mais alarmantes do que havia conhecimento até o momento. Um dos destaques da edição anual do documento ficou por conta do aumento do número de jovens infectados pelo HIV/AIDS. O relatório aponta que o número de pessoas infectadas, na faixa etária entre 20 e 24 anos, mais do que dobrou desde 2000.

Diante desses números preocupantes, uma grande campanha de conscientização, está sendo lançada pela marca de preservativos Jontex, em parceira com o Fundo PositHiVo, fundo privado nacional de sustentabilidade e um forte aliado no enfrentamento da AIDS e Hepatites Virais no Brasil. A RB, responsável pela marca Jontex, é co-fundadora do Fundo e colabora com a luta contra o HIV/AIDS. Veja o vídeo da campanha “Jontex: Intensifique seus prazeres, garanta o seu amanhã”:

“O tema prevenção associado ao uso da camisinha precisa ser uma prioridade de todos os elos envolvidos com HIV/AIDS. Cada vez mais, precisamos mostrar, de diferentes formas, por meio de campanhas segmentadas para diversos públicos, especialmente aos jovens que são mais suscetíveis ao contágio, que a doença traz impactos devastadores tanto para a saúde, quanto para a vida social e profissional. Além do tratamento, que terá de ser feito pelo resto da vida e ainda pode causar efeitos colaterais e outros tipos de problemas de saúde, o jovem com HIV/AIDS poderá ter de lidar com o preconceito e a dificuldade de relacionamento com amigos e familiares, situações que nos deparamos diariamente no trabalho feito pelo Fundo PositHiVo”, explica Harley Henriques, coordenador do Fundo PositHiVo.

HIV aos 15 anos

Preconceito de amigos, familiares e dificuldade para trabalhar e se relacionar foram desafios vividos por Pierre Feitas, 29 anos, morador de São Paulo (SP), que há 14 anos convive com HIV. Diagnosticado aos 15 anos, a vida de Freitas mudou completamente após contrair o vírus durante um relacionamento estável em uma única relação sexual desprotegida. “Eu sempre usava o preservativo. Porém, em determinado dia, após uma festa em que consumimos bebida alcoólica, acabamos não usando. Após algum tempo, apresentei imunidade baixa e algumas infecções intestinais que não eram sanadas. Com isso, meu médico pediu alguns exames, incluindo o de HIV, que na época demorava 15 dias para ficar pronto. Nesse intervalo, um amigo me chamou para uma testagem rápida de HIV, foi quando recebi o diagnóstico, que caiu como uma ‘bomba’ na minha vida”, relata Freitas.

Ser portador de HIV mudou completamente a vida do então adolescente de 15 anos. “Para mim, a notícia foi como uma sentença de morte. Associava a doença a um câncer e achava que não viveria por muito tempo. Lembrava do Cazuza com a fisionomia abatida, magra e quase irreconhecível nos últimos dias da vida dele, na década de 90. Minha mãe me mandou embora de casa após eu revelar, de uma vez só, a minha preferência sexual e o fato de ser soropositivo. Passei um tempo na casa de um amigo, tive que me afastar de pessoas do meu ciclo de amizades, além de enfrentar sérios problemas no trabalho, na escola, pois sofria com os efeitos colaterais da medicação que impactavam no meu sono e, consequentemente, interferiam no meu desempenho”, revela Pierre.

Após quase 15 anos de sofrimento, desafios e aprendizado, o discurso de Pierre Freitas corrobora com a necessidade da criação de mecanismos de ação que ampliem a prevenção do HIV/AIDS no Brasil, com destaque para a questão crucial que é a importância do uso, impreterível, do preservativo. “Tive que amadurecer do dia para a noite. Sofri e sinto na pele, até hoje, o preconceito e o peso de carregar o vírus. Já tive depressão, precisei trocar a medicação por três vezes, por conta de efeitos colaterais, presenciei o afastamento de amigos e familiares e perdi oportunidades valiosas de trabalho. Creio que falta informação personalizada e endereçada ao adolescente sobre prevenção e uso do preservativo. O público jovem ainda é carente de informação e, pior ainda, não tem a referência do HIV com a cara do Cazuza, que eu tive e, por isso, temi pela minha vida. Por mais que os tratamentos estejam avançados, viver todo dia com o vírus é muito difícil e sacrificante. Tomar remédio para o resto da vida, com risco de efeitos colaterais sérios, é algo muito complicado. Além disso, o HIV pode trazer outras complicações para a saúde do portador, além de sequelas emocionais e psicológicas que me acompanharão para sempre”, desabafa Pierre Freitas, 29 anos.

Cenário de HIV/AIDS

Em comparação com o ano passado, dados estatísticos que acabam de ser divulgados pelo Ministério da Saúde revelam um cenário ainda mais alarmante. Embora o número de pessoas diagnosticadas com HIV tenha diminuído, o percentual de indivíduos infectados aumentou expressivamente. Para se ter uma ideia, segundo o Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS de 2015, do Ministério da Saúde, o Brasil tinha 781 mil pessoas infectadas pelo HIV, sendo que 20% delas, aproximadamente, não conheciam o diagnóstico.

Esta semana, o Ministério da Saúde anunciou um novo boletim, anunciando que o número de pessoas infectadas pelo HIV subiu para 827 mil pessoas no Brasil, sendo que 112 mil não têm o diagnóstico. O relatório anual do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais, ligado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, mostra ainda que 260 mil pessoas com HIV não se tratam, apesar de estar cientes de sua condição. Entre os jovens de 20 a 24 anos, nos últimos 10 anos, a taxa de detecção mais do que dobrou, passando de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.

Fundo PositHiVo

O Fundo PositHiVo, Fundo de Sustentabilidade às Organizações da Sociedade Civil (OSC) que trabalha no campo do HIV/Aids e das Hepatites Virais, foi criado no ano de 2014 com uma missão muito especial: mobilizar recursos para financiar instituições que trabalham com a causa dessas enfermidades. Pelo país, são centenas de organizações da sociedade civil que se dedicam a fortalecer ações de prevenção, assistência e garantia dos direitos humanos das pessoas que vivem e convivem com HIV e com hepatites.


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