Desenvolver, conduzir e avaliar a eficácia do modelo de visita ampliada a pacientes internados em Unidades de Tratamento Intensivo. Com esse objetivo o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), lança o projeto “UTI Visitas: avaliação da visita ampliada em UTIs brasileiras”. A iniciativa será coordenada pela instituição em hospitais de todas as regiões do Brasil.
O projeto acontece em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). Iniciado em agosto deste ano, o projeto UTI Visitas objetiva avaliar a eficácia e a segurança de um modelo de visita familiar ao paciente criticamente enfermo ampliada para 12 horas por dia. Cerca de 40 hospitais representativos de todas as cinco regiões brasileiras participarão do UTI Visitas. Até o momento, 20 UTIs foram selecionadas e encontram-se em fase de implementação do projeto.
Tradicionalmente, as visitas em UTIs brasileiras ocorrem em horários restritos, de uma a duas visitas por dia com duração entre 30 a 40 minutos, sob a justificativa teórica de que a visita ampliada poderia aumentar o risco de transmissão de infecções e desorganização do cuidado ao paciente. Contudo, estudos recentes não confirmam este potencial risco de adversidades associadas a uma maior presença de familiares junto ao paciente. Além disso, evidências crescentes apontam para maiores benefícios, tanto para pacientes (conforto, menor incidência de sintomas de ansiedade e depressão, menor incidência de delirium) quanto para familiares (maiores taxas de satisfação e menor incidência de sintomas de ansiedade e depressão).
Desde 2015, o Hospital Moinhos de Vento adotou uma nova política no Centro de Terapia Intensiva Adulto (CTIA). As visitas foram estendidas para 12 horas por dia, permitindo a permanência de dois familiares com o paciente. A liberação de pernoite acontece mediante indicação médica. Além disso, há também a opção de visita social, que ocorre em dois períodos de 30 minutos, onde é permitida a entrada de outros três familiares.
Segundo o médico intensivista da CTI Adulto do Hospital Moinhos de Vento e líder do projeto, Regis Goulart Rosa, a experiência do modelo de visita ampliada do Moinhos de Vento foi positiva. Além de permitir um maior tempo de contato do paciente com seu familiar, teve um impacto significativo em desfechos clínicos para os pacientes internados. “Houve diminuição da incidência de delirium, uma forma de disfunção cerebral associada a maior morbimortalidade dos pacientes graves, e redução do tempo de internação. Além disso, não houve aumento as taxas de infecção adquiridas pela permanência mais frequente do familiar junto ao paciente”, salienta o líder do projeto.
No Hospital Moinhos de Vento, a visitação ampliada passou por diversos processos de estudo, planejamento e sistematização de atendimento para que fosse implementada com total segurança para pacientes, visitantes e profissionais do CTIA. Agora, a experiência será replicada em diferentes cenários brasileiros, possibilitando subsidiar o SUS com conhecimento necessário para ser aplicado em programas que se destinem à implementação dessa política.