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Cirurgia bariátrica x interposição ileal: especialista condena cirurgia experimental

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Um quinto da população brasileira adulta está obesa, revela estudo publicado em revista científica internacional no ano de 2016. Isso equivale a quase 30 milhões de pessoas, o que coloca o país entre os mais obesos do mundo, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos. O culto ao corpo também é uma marca da sociedade brasileira e, portanto, não são pouco frequentes o surgimento de fórmulas, dietas e até procedimentos que prometem eliminar gordura em pouco tempo. Está aí o risco.

Nas últimas semanas a imprensa começou a repercutir casos de pacientes que supostamente morreram após passar pelo procedimento chamado de interposição ileal com o objetivo de reduzir peso e controlar o diabetes. Trata-se da extração de parte do estômago e a colocação do íleo entre o jejuno e o duodeno (parte superior do intestino). Este procedimento não é autorizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

O Dr. Cid Pitombo, recordista de cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), alerta que a interposição ileal não passou por todos os testes de eficácia e riscos necessários para a segurança dos pacientes. Por ser um procedimento praticamente irreversível, tem altos riscos e pode levar a graves consequências.

“Para se ter uma ideia, a técnica de cirurgia bariátrica por videolaparoscopia que hoje utilizo começou a ser pesquisada em 1966 e apenas na década de 90 passou a ser um procedimento autorizado. Não há estudos suficientes sobre o protocolo da interposição ileal, muito menos a medida dos riscos que o paciente é submetido”, explica o médico, responsável pela cirurgia bariátrica de sucesso nos atores André Marques e Leandro Hassum.

Por ser algo experimental, antes de operar um paciente com a técnica da interposição ileal o médico precisa pedir autorização à Comissão de Ética e Pesquisa (Conep), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Além disso, a pessoa precisa estar ciente de que se trata de um teste, concordar com os riscos e nada pode ser cobrado dela. Ou seja, paciente não pode pagar nenhum valor de cirurgia, nem de material ou internação.

Ele orienta os pacientes a sempre questionarem os médicos antes de decidir por um procedimento: “Tem que perguntar se a cirurgia que está sendo sugerida é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina”.

Cid Pitombo é o criador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica que mantém a média de 40 pacientes operados por videolaparoscopia por mês no Hospital Estadual Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. Já passaram pelo procedimento quase 1.600 pacientes do SUS.


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