Encarar o câncer é complexo: receber o diagnóstico não é fácil; o tratamento é extenso e pode ter como consequência a queda dos pelos, inchaços, alterações hormonais e, muitas vezes, afeta o emocional dos pacientes.
Para superar essas questões, de acordo com a psicóloga do Hospital Amaral Carvalho (HAC), de Jaú (SP), Natalia Montanari, é importante que o indivíduo busque fortalecer sua autoestima, o que contribui com o equilíbrio dos sentimentos. “Em geral, essas pessoas sentem-se mais vulneráveis e parte disso se deve às mudanças físicas, que em alguns casos são permanentes, e podem potencializar o sofrimento”.
Nesse sentido, a profissional reforça o papel do psicólogo para amenizar o impacto das transformações e incentivar o doente a se enxergar além do espelho. “O tratamento é uma oportunidade dele ressignificar muitas coisas em sua vida, ver o mundo e a si próprio com outros olhos, o que pode ser positivo”.
Como? Ela explica que, enquanto interrompem atividades em função da terapia, podem desenvolver outras habilidades, mudar conceitos e valores, refletir sobre questões pessoais e tornarem-se mais flexíveis frente às dificuldades.
Apoio
Natalia afirma que é muito comum as pessoas pensarem que homens ficam menos aflitos que mulheres diante do câncer ou que jovens sofrem menos que idosos com a descoberta da doença e privação de alguns hábitos durante o processo terapêutico. “Os recursos emocionais não estão relacionados a sexo ou idade. Muitas vezes, a maturidade ajuda o paciente a não se desesperar com a situação, no entanto, há fatores determinantes para o bom enfrentamento da doença, dentre eles, o apoio da família, o otimismo e a fé”.
Luciana Pereira dos Santos (36), de Presidente Epitácio (SP), mais de 400 km de distância de Jaú, trata um câncer de mama no HAC desde março do ano passado. Já fez sessões de quimioterapia e cirurgia, e relata que sempre está acompanhada de um familiar. “Quando soube que estava doente, não quis contar a ninguém, pois uma tia tinha acabado de ser diagnosticada com câncer também. Mas, fiquei muito nervosa e minhas irmãs perceberam. Desde então, estão ao meu lado o tempo todo”, ressalta.
A paciente comenta que esse suporte é muito importante, faz com que sinta-se mais forte e se recupere melhor. Ela lembra de todas as demonstrações de afeto. “Logo que meus cabelos começaram a cair, por causa da quimioterapia, pedi ao meu cunhado que é cabeleireiro para raspar minha cabeça. No dia e hora que combinamos de cortar, alguns vizinhos e parentes foram até minha casa e, quando terminou, meu filho, meu esposo, sobrinho e amigos rasparam também. Fiquei muito emocionada”.
O apoio vem ainda quando Luciana viaja a Jaú para uma consulta ou procedimento. “Família é tudo mesmo. Sempre que vou pegar o ônibus na rodoviária da minha cidade, eles estão lá, para me apoiar. Não tenho palavras para descrever o quanto isso me incentiva”, completa.
Hospital Amaral Carvalho
Centenária instituição de saúde reconhecida pelo tratamento oncológico de qualidade e assistência social a pacientes vindos de todos os Estados brasileiros, além de ser o centro que mais realiza transplantes de medula óssea no país. Promove a saúde, a cura e o bem-estar de adultos, jovens e crianças em várias especialidades. Anualmente, atende mais de 75 mil pessoas e efetua mais de 1 milhão de procedimentos, como quimioterapia e radioterapia. A previsão de custo para 2017 é de R$ 250 milhões.