O Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, assinou na quarta-feira (8), convênio com o Ministério da Saúde para mais uma etapa da modernização de sua infraestrutura produtiva.
O acordo prevê nesta primeira fase a liberação de R$ 54 milhões para a aquisição de equipamentos a serem instalados nas fábricas de produção das vacinas de difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Após a conclusão dos trabalhos, que incluem a modernização das estruturas físicas (fluxos de material, pessoas e produtos, vestiários e sanitários) e do sistema de utilidades (água, ar condicionado, ar comprimido e vapor puro) das fábricas, será retomado o fornecimento das vacinas nas seguintes apresentações: dT (difteria e tétano adulto), DT (difteria e tétano infantil), DTP (difteria, tétano e pertussis) e hepatite B.
O aspecto mais relevante deste projeto é que o Butantan estará capacitado a produzir a vacina pertussis (para coqueluche) de baixa toxicidade (pertussis low) para testes clínicos, uma inovação mundial, que terá a capacidade produtiva da pertussis celular e ausência de reações adversas da vacina pertussis acelular.
O Brasil utiliza a vacina pertussis acelular para crianças e celular para adultos. A Europa e os Estados Unidos utilizam a vacina acelular, que tem se mostrado ineficaz no longo prazo. A pertussis low pode ser utilizada em crianças e adultos, e é aguardada mundialmente tendo em vista o ressurgimento de casos de coqueluche nos Estados Unidos e na Europa frente às recentes ondas migratórias registradas no mundo. “A pertussis de baixa toxicidade, concebida e desenvolvida pelo Instituto Butantan, fará uma revolução mundial na vacinação contra a coqueluche”, afirma Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan.
A retomada da produção destas vacinas também significa a retomada do projeto de produção de uma vacina nacional pentavalente, em estreita colaboração com a Fiocruz, incluindo os componentes difteria, tétano, pertussis (coqueluche) e hepatite B, de responsabilidade do Instituto Butantan, e Hib (Haemophilus influenzae tipo B), de responsabilidade da Fiocruz.
Kalil destaca que a difteria também está ressurgindo na Europa, o que confirma a relevância das ações do Butantan nessa área. O soro antidiftérico, também produzido pelo Instituto, tem sido requisitado por vários países.
As fábricas tiveram sua produção temporariamente interrompida para as necessárias ações de modernização e readequação às atuais exigências de Boas Práticas de Fabricação preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e também às normas internacionais. A fábrica estará pronta para funcionar após um período de qualificação e validação que será determinado no transcorrer do processo.
“É um investimento importante, que permitirá ao Butantan modernizar o seu parque tecnológico e garantir a produção de vacinas fundamentais para o calendário de imunização da rede pública de saúde”, afirma David Uip, secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
Instituto Butantan
Vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o Instituto Butantan é um dos principais produtores de imunobiológicos do Brasil, responsável por grande parte da produção nacional de soros antivenenos, antitoxinas bacterianas e viral, além de grande volume da produção nacional de vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunizações – PNI, do Ministério da Saúde. A instituição se destaca pelo desenvolvimento de estudos e pesquisas, básicas e aplicadas, relacionados direta ou indiretamente com a saúde pública nas áreas da Biologia, Biomedicina e Biotecnologia. O Butantan mantém importantes coleções zoológicas e também promove atividades culturais e de ensino, relacionadas à educação formal e não formal, com foco na difusão do conhecimento científico.