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Visão binocular: a visão tridimensional e a ilusão de ótica

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Não é só nos cinemas que podemos enxergar em três dimensões. Nas telas, ao vermos várias imagens sobrepostas passando com uma certa velocidade, temos a noção de movimento. Mas, diariamente, nossos olhos possuem essa capacidade, ainda que eles tenham certas peculiaridades. Segundo a oftalmologista do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), de Curitiba (PR), Renata Bekin, nem tudo o que um olho vê é igual ao que o outro enxerga. “Se você colocar um dedo, a meia distância, entre seus olhos e um papel com letras, e olhar primeiro com um olho e depois com o outro, sem mover a cabeça, você vai ver que em um dos lados as letras ficarão encobertas pelo dedo”, comenta.

Essa diferença contribui para que vejamos os objetos em três dimensões, apesar das imagens na retina serem planas. “O cérebro leva em conta as diferenças entre as imagens e se encarrega de ‘fundi-las’ em uma imagem única estereoscópica, ou seja, tridimensional”, explica.

E é essa possibilidade de enxergar tridimensionalmente que acaba nos “enganando”, principalmente quando os olhos se juntam ao nosso cérebro, são as chamadas ilusões de ótica. “A ilusão de ótica resulta da forma como nosso cérebro interpreta as imagens que lhes chegam da retina”, fala.

A interpretação do que vemos no mundo exterior é uma tarefa muito complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o processamento da visão. Umas parecem corresponder ao movimento, outras à cor, outras à profundidade (distância) e mesmo à direção de um contorno. E o nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade. “Nosso sistema visual é limitado para processar com precisão todas as informações que nossos olhos absorvem, portanto ele funciona com base na interpretação mais provável. E é essa simplificação que nos permite uma apreensão mais rápida (ainda que imperfeita) da realidade exterior, que dá origem às ilusões de ótica”, esclarece a oftalmologista.

A imagem da retina é a fonte principal de dados que dirige a visão, mas o que nós vemos é uma representação “virtual” 3D da cena em frente a nós. Vemos o mundo de acordo com a maneira como o nosso cérebro o organiza. “O processo de ver é uma forma de completar o que está em frente a nós com aquilo que o nosso cérebro julga estar vendo”, complementa.

É por uma questão de sobrevivência que tendemos a classificar rapidamente as imagens que olhamos e, se conseguimos fazer isso com facilidade, em geral, ela deixa de despertar nosso interesse. Já quando temos dificuldade, paramos e continuamos a análise, pois nosso cérebro busca sentido em tudo que percebemos. “A ilusão de ótica exerce essa magia, pois parece que entendemos, mas há ainda algo que nos instiga a buscar o significado completo da imagem”, finaliza.


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