Brasília (DF) é destaque nacional em transplantes de córnea – tecido que forma a parte frontal do olho –, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A pesquisa citada é de 2015, mas no ano seguinte, novos números recolocaram o Distrito Federal no primeiro lugar no período de janeiro a setembro de 2016. De acordo com os dados divulgados pela entidade, foram realizados 354 transplantes de córnea, totalizando 161,9 a cada milhão de habitantes da Capital Federal.
Dr. Tarciso Schirmbeck, especialista em córnea do Visão Institutos Oftalmológicos, comemora a colocação da cidade e explica que a indicação do transplante é específica de acordo com o problema apresentado pelo paciente. “É indicado para pessoas acometidas por doenças que mudam a curvatura da córnea (ceratocone), ou que diminuam a sua transparência, como as cicatrizes pós-trauma. Também existem os casos de infecções que não melhoram com o uso de colírios”, exemplifica.
Além disso, o médico ressalta que nem todos estão aptos a passar pela cirurgia. “O paciente deve ser avaliado criteriosamente por um oftalmologista especializado em transplante de córnea, para verificar a necessidade de uma intervenção cirúrgica”, esclarece.
A cirurgia
O método, de acordo com Dr. Tarciso, consiste basicamente na troca de uma córnea defeituosa por uma em ótimo estado. O tipo de transplante depende da doença que acometer o paciente. “Podemos trocar somente a parte anterior da córnea (transplante lamelar anterior), ou apenas a parte posterior do tecido (transplante lamelar posterior). Além desses, ainda há a possibilidade de substituir todas as camadas da córnea (transplante penetrante)”, explica Schirmbeck.
O médico segue otimista com os resultados cirúrgicos, mas deixa claro que existem riscos. “Atualmente o sucesso de um transplante de córnea é bastante elevado, estando acima de 95%, nos casos de ceratocone. Entretanto, existem alguns riscos como o desenvolvimento de glaucoma ou catarata após a cirurgia”, esclarece.
Doação
A transmissão do órgão pode ser feita por familiares do doador com idade entre 2 e 75 anos. Dr. Tarciso explica ainda que antes do transplante ser realizado, a córnea doada passa por um processo de avaliação. “A córnea será colhida por uma equipe especializada e transportada ao Banco de Olhos, onde a qualidade do tecido será avaliada por médicos oftalmologistas em um microscópio. Além disso, são feitas sorologias com o sangue do doador e uma análise do histórico de saúde”. O médico comenta também que depois da realização desse procedimento a córnea é liberada com maior condição para o transplante.