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“Corujão da Saúde”: a ideia é boa, mas também é preciso atacar a causa do problema (PARTE 1)

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Por Carol Gonçalves

Foto: Leon Rodrigues - SECOM

Foto: Leon Rodrigues – SECOM

Uma das promessas do até então candidato à prefeitura de São Paulo, João Doria, era zerar as filas de espera para 485,3 mil exames na rede pública de saúde em um prazo de 90 dias. Assim, no dia 10 de janeiro deste ano, já eleito, instituiu o programa “Corujão da Saúde”, que começou a ser implantado em hospitais e clínicas das redes pública, particular e filantrópica. Essas instituições ofertam exames extras em horários alternativos, conforme a capacidade ociosa de cada local.

Em 2 de janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou os contatos telefônicos para agendar exames de 296,5 mil pacientes que estavam na lista de espera entre um e seis meses. Eles representam cerca de 60% do total da fila. Pelo programa, se o paciente ainda não tiver feito o exame ou se, pelo quadro clínico, o procedimento ainda for necessário, ele será agendado dentro dos 90 dias.

Da lista de espera atual para exames, 349,2 mil são para ultrassom dos mais diferentes tipos. Outros 42,2 mil são para tomografia, 33,5 mil para ecocardiografia, 32,2 mil para mamografia e 28,1 mil para ressonância magnética. A remuneração dos procedimentos seguirá os valores da tabela do SUS. O investimento será de R$ 17 milhões.

De acordo com Doria, após o término do programa, os exames serão realizados em caráter de normalidade, com prazo de 30 dias pela rede pública municipal e, circunstancialmente, também pelas redes privada e estadual.

Para fortalecer o “Corujão da Saúde”, um convênio com a Santa Casa de São Paulo irá agilizar as consultas de reavaliação da população. O hospital filantrópico pode ofertar cerca de 40.000 atendimentos extras aos pacientes encaminhados das UBS que não conseguirem absorver suas demandas internas. O valor investido para esse convênio é de R$ 400 mil.

Em uma semana de implantação do programa, a fila de pacientes que aguardam por agendamento de exames na rede pública municipal caiu 49,8%, saindo de 485,3 mil para 241,8 mil, segundo a prefeitura. Durante esse período, as 675 unidades de saúde municipais marcaram 243,5 mil exames para os pacientes do programa, o que representa média de 360,7 agendamentos por unidade.

Até o fechamento da edição 83 da RHB, o “Corujão da Saúde” contava com 20 hospitais e clínicas parceiros do setor privado, como Oswaldo Cruz, Sírio Libanês, HCor, Albert Einstein, Edmundo Vasconcelos, Sepaco, Santa Casa de Santo Amaro, Santa Marcelina de Itaquera e Cruz Azul. Outras instituições que deverão, gradativamente, entrar no programa são o Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho, Cetrus, Dasa-Lavoisier, Hospital Santa Joana, Dr. Consulta, Beneficência Portuguesa, Aviccena, Hospital Presidente, Megamed e Tadao Mori. A Santa Casa também confirmou que fará exames, além das consultas de reavaliação daqueles pacientes que estão na lista há mais de seis meses.

Além dessas vagas, a pasta está utilizando sua rede própria para atender ao programa. Duas instituições privadas – Fidi e Cies – que gerenciam o parque radiológico municipal por toda a cidade ampliaram o volume da oferta de exames, entre tomografias, ressonâncias, ultrassons e ecocardiogramas.

AVALIAÇÃO

A mídia já noticiou diversas reclamações de pacientes a respeito do horário de atendimento, pois alguns hospitais marcam exames na madrugada. A prefeitura pretende ofertar transporte para a população em horário diferenciado nas regiões das instituições de saúde parceiras. Por outro lado, outros pacientes aprovam a iniciativa, independentemente do horário.

E pelos olhos de um especialista em gestão? O programa foi bem estruturado? Segundo Rogério Medeiros, professor do MBA de Gestão em Saúde do Centro Universitário São Camilo, o conceito proposto pelo prefeito está totalmente adequado e alinhado a cidades como São Paulo, que funcionam 24 horas por dia. Ele justifica levando em consideração que os hospitais precisam manter estruturas pesadas de serviços e, por isso, quanto mais utilizarem seus equipamentos, maior será o retorno financeiro.

“Apenas para ilustrar, os serviços de Ressonância Magnética (RM) e Tomografia Computadorizada (TC) oferecidos pelas instituições de saúde devem ser realizados por um médico, que opera a máquina e assiste o doente. Assim, quando um paciente entra com alguma queixa no Pronto Socorro à noite, este atendimento pode prescindir de exame de RM ou TC e, muitas vezes, não é possível esperar o horário comercial para sua realização”, conta.

Este tipo de situação acaba obrigando os hospitais a manter um médico de plantão para atender à eventual emergência, no entanto, há relatos de profissionais que ficam 12 horas em plantão para realizar um único exame de TM ou TC. Portanto, o valor do médico é maior que aquele que o hospital irá receber do convênio pelo exame.

(Continua…)


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