Um estudo recente divulgado pelo Journal of the American Medical Association (JAMA) destacou que cerca de 50% das mulheres com câncer de mama conseguiram ter uma preservação do cabelo a ponto de não ser necessário o uso de uma prótese capilar. O resultado foi alcançado graças à técnica chamada de crioterapia ou Scalp Cooling (em inglês), que consiste em uma máquina que se assemelha a um circulador de ar comum.
Esta máquina é ligada a um tubo que, por sua vez, se conecta a um capacete para resfriar o couro cabeludo do paciente. A sua utilização ocorre 60 minutos antes da infusão de quimioterapia, sendo usada durante toda a aplicação. O capacete é revestido por um gel em temperatura de 4ºC, levando à contração dos vasos sanguíneos, o que cria uma espécie de capa protetora responsável pela preservação dos folículos capilares.
A publicação da Associação Médica Americana referenda a técnica utilizada pelo Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas, uma das principais referências em tratamento oncológico do país. No CPO existem dois equipamentos que realizam a crioterapia de couro cabeludo na unidade localizada na Vila Olímpia. Este mesmo equipamento tem sido utilizado em diversos países do mundo. Na Holanda, por exemplo, mais de seis mil pacientes utilizaram o aparelho como método para prevenir a queda de cabelo.
De acordo com o Dr. Daniel Gimenes, oncologista do CPO, a pesquisa divulgada pelo JAMA reforça a confiança nos bons resultados. “Isso significa que o uso de próteses capilares ou lenços se torna desnecessário na maioria das situações, contribuindo amplamente para a autoestima das mulheres em tratamento”. O procedimento é seguro para mulheres diagnosticadas com câncer de mama e seus bons resultados geram reflexos positivos aos pacientes que vem utilizando. A pesquisa aponta que o CPO foi responsável por realizar mais de 2500 sessões de crioterapia, visando sempre uma abordagem multidisciplinar a fim de levar ao paciente qualidade de vida em sua jornada no tratamento do câncer.
Aliado à crioterapia, o CPO também oferece um acompanhamento multidisciplinar e individualizado, com avaliações por meio de sua equipe composta por oncologistas, farmacêuticos clínicos, nutricionistas, psicólogos, reflexologistas, dermatologistas e médico especializado em medicina integrativa. Antes de aderir à técnica de crioterapia, por exemplo, o paciente realiza uma avaliação da qualidade do cabelo para saber se existe algum fator no couro que possa interferir no resultado do tratamento. “Se o paciente for aprovado na avaliação, iniciamos um acompanhamento mensal e personalizado para atingir o resultado esperado, que é justamente a conservação da saúde do cabelo. A partir disso, conseguimos acompanhar possíveis reações cutâneas ou alterações nas unhas causadas pela quimioterapia”, explica Dra. Giselle Barros, dermatologista do CPO.
Para que o processo seja mais eficaz, a doutora também indica algumas precauções para o período da crioterapia: o uso de shampoos neutros; vitaminas e suplementos e a não utilização de tinturas para cabelos. “Na maioria dos casos, a tinta enfraquece os fios e atrapalha o processo de crioterapia. Dependendo da maneira que o paciente reagir ao tratamento, pode-se liberar a coloração sem amônia”, explica a Dra. Giselle.
Os especialistas do CPO acreditam que o próximo passo agora é conseguir expandir o conhecimento e levar a técnica para pacientes que não tiveram o resultado esperado. “O que temos de mais sólido até o momento, é que existem certos tipos de quimioterapia que agem melhor com o nosso equipamento. Entretanto, há quimioterápicos em que a resposta é inferior. É nesta porcentagem que iremos trabalhar nos próximos anos em conjunto com a nossa área científica”, finaliza Daniel.