A metodologia PediaSuit foi inspirada em uma roupa criada nos anos 70 por cientistas russos para o uso dos astronautas que chegavam do espaço com dificuldades motoras, perda de movimentos, massa muscular e estrutura óssea debilitada. Esse tipo de órtese corporal foi desenvolvido em 2006, nos Estados Unidos, pelo brasileiro Leonardo de Oliveira, terapeuta ocupacional, com a finalidade contribuir para a recuperação de um de seus filhos que teve paralisia cerebral.
“A terapia tem o objetivo de tratar pessoas com distúrbios neurológicos, como paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento motor, lesões cerebrais traumáticas, Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), Síndrome de Down e outros problemas que atingem as funções motoras e cognitivas”, explica Mariana Carvalho Krueger, fisioterapeuta, especialista em PediaSuit e sócia do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE), uma das primeiras clínicas a oferecer o recurso em Curitiba (PR). A metodologia é indicada também para o tratamento de distúrbios de integração sensorial e acidente vascular encefálico. “Esse programa visa atingir o potencial de cada paciente e resulta em ganho de qualidade de vida, desenvolvimento motor e independência na realização das atividades funcionais”, complementa Mariana.
Por ser tratar de uma terapia intensiva, o protocolo, que somente é aplicado em pacientes acima de dois anos, possui duração de quatro semanas, com quatro horas diárias de exercícios associados ao uso de uma vestimenta ortopédica chamada suit, que consiste em colete, touca, shorts, joelheiras e calçados adaptados interligados por bandas elásticas ajustáveis, que podem aplicar axialmente no corpo uma descarga de 15 a 40 Kg. A fisioterapeuta conta que a veste tem a função criar uma unidade de suporte para deixar o corpo o mais próximo possível do funcional, restabelecendo o correto alinhamento postural e a descarga de peso que são fundamentais na modulação do tônus muscular da função sensorial e vestibular.
As atividades terapêuticas são realizadas no spider e monkey, uma espécie de gaiola, usado para exercitar o paciente, a fim de aumentar a capacidade de isolamento das ações desejadas e fortalecimento dos grupos musculares responsáveis por essas atividades. “O uso da ferramenta possibilita ganho de amplitude de movimento, de força muscular e flexibilidade das articulações, melhora o equilíbrio corporal, as habilidades funcionais e ajusta o padrão da marcha”, relata a especialista.