A edição de janeiro da maior publicação internacional sobre Acidente Vascular Cerebral, a americana Stroke Journal, divulgou um estudo que tem como objetivo padronizar medidas de desfechos do AVC em todo o mundo. O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), foi o único selecionado no Brasil e na América Latina para o Consórcio Internacional para Medida de Desfechos em Saúde (Ichom, na sigla em inglês), grupo de instituições de saúde que vem trabalhando para padronizar, no mundo, o atendimento a pacientes acometidos por algumas das mais frequentes e temidas doenças. O trabalho é coordenado pela Universidade de Harvard.
A Chefe do Serviço Médico de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Representante da Organização Mundial de AVC no Brasil e Coordenadora Nacional da Campanha de AVC, Sheila Martins, foi convidada para fazer parte do comitê internacional que acompanha a evolução das políticas desenvolvidas no Brasil. Os resultados alcançados pela neurologista junto ao Ministério da Saúde receberam uma excelente avaliação da comunidade internacional. A equipe é formada por 17 especialistas de diferentes países que são referências internacionais no tema, incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Suécia, China, Canadá e Austrália.
O AVC é uma das principais causas de morte e de sequelas no Brasil e no mundo. A doença atinge 16 milhões de pessoas a cada ano. No Brasil, são registradas cerca de 68 mil mortes a cada ano, o que gera grande impacto econômico e social. Desde 2011, de acordo com o Ministério da Saúde, a doença – que era a principal causa de morte no país – passou para o segundo lugar, ficando atrás apenas do infarto.
“Mais do que reunir os números de óbitos em consequência da doença, a nova métrica busca reunir dados das sequelas que o AVC pode provocar, atingindo a independência funcional dos pacientes. Além da avaliação do processo de atendimento, o método avalia o que é realmente importante para o paciente: como ele vai ficar após ter sofrido a doença”, destaca a neurologista. O impacto de um AVC pode ser brutal: desde uma sequela mínima na mão até a incapacidade de se comunicar. “Sem tratamento adequado, 70% dos pacientes ficam com sequelas”, reforça.
Para Fernando Andreatta Torelly, superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, as instituições de saúde precisam construir indicadores de qualidade do serviço prestado e compartilhar essas informações com a sociedade. “Se cada um utiliza uma régua para calcular como está fazendo o seu tratamento, não há como comparar. Vamos conseguir checar o resultado da medicina do Rio Grande do Sul com a de Londres, Paris, Estados Unidos, para ver onde estamos, o que temos de melhorar, desmistificar algumas áreas. Este projeto reúne profissionais de excelência em busca da melhor medicina. A participação do Hospital nesta iniciativa pioneira reforça a nossa constante busca pela inovação e qualidade assistencial”, salienta Torelly.
Na instituição, o acompanhamento acontece por meio de contato telefônico da equipe com o paciente, avaliando os desfechos durante a alta e em até 90 dias depois. O objetivo é auxiliar na implantação do método em todo o Brasil, em parceria com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
Sequelas mais comuns:
· Perda de força em um lado do corpo;
· Dificuldade para falar e enxergar;
· Dificuldade de compreensão;
· Desequilíbrio;
· Perda de memória.
Reabilitação:
· Sessões de fisioterapia e fonoaudiologia;
· Medicamentos;
· Atenção aos fatores de risco e prevenção precoce de um novo AVC (há indicação de cirurgia em alguns casos);
· Visitas regulares ao médico.
Diante da constatação dos sintomas, é imprescindível ligar imediatamente para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo telefone 192. Os profissionais levarão o paciente até um hospital que disponha de um centro de atendimento de AVC.