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Rompendo barreiras: as videoconsultas no Brasil e mundo (PARTE 2)

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Leia a primeira parte desta matéria em: portalhospitaisbrasil.com.br/rompendo-barreiras-as-videoconsultas-no-brasil-e-mundo-parte-1

Por Carol Gonçalves

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De acordo com Hummel, a videoconsulta gera certa resistência na comunidade médica, mas se o assunto for bem modelado com a remuneração, a relutância será menor. “Do outro lado tem o usuário, que é o maior incentivador. Se o modelo de atendimento servir e for cada vez mais utilitarista, o usuário vai forçar o médico nessa direção, da mesma forma com que forçou o Uber, o cartão automático do banco e outras iniciativas”, aponta.

Além disso, há um fator específico do Brasil: cerca de 1,6 milhão de usuários abandonaram seus planos de saúde, o que pede um novo modelo de relacionamento entre médico e paciente. Sem falar com o médico leva, em média, dois meses para receber dos planos de saúde, além do baixo valor. Ou seja, ele também não está satisfeito com a atual situação e está disposto a fomentar uma nova relação.

“O Brasil é uma nação continental, não tem como o governo prover assistência médica a todos, não adianta o Programa Mais Médicos, precisamos da ajuda da tecnologia. Será muito mais fácil dialogar com a comunidade médica através de um smartphone, por exemplo, do que ter apenas consultas presenciais. O Estado também tem grande interesse nisso, pois sabe que será incapaz de resolver essas questões assistenciais sem as tecnologias remotas”, explica.

O desenvolvimento da videoconsulta no Brasil tem dois obstáculos. “Um deles está relacionado ao CFM – Conselho Federal de Medicina, que, em agosto de 2011, criou uma regulação proibindo qualquer prática de atendimento que não seja presencial. Felizmente, já está em nível de diretoria a flexibilização da regulamentação, mas vai precisar de muita pressão, não só do Estado, mas também do usuário. A consulta à distância já é feita desde que existe telefone, e vai continuar acontecendo. Quando passar pela barreira do CFM será uma correnteza em alta velocidade”, ressalta Hummel.

Outro obstáculo, como já foi falado, é a remuneração das consultas virtuais, mas, de acordo com o profissional, existem vários modelos sendo aplicados no mundo, a questão é escolher o melhor para o Brasil, passando pela experiência de tentativa e erro.

“Uma coisa é certa: a videoconsulta talvez seja a maior disruptura na área da saúde nessa primeira metade do século XXI”, expõe. Para Hummel, em 2020 ela já estará implantada no Brasil e, até 2030, todas as consultas de primary care no país, ou em qualquer região que tenha dificuldades geográficas, serão por telehealth, assim como acontece na Índia e na Colômbia, por exemplo. “A Colômbia, o Chile e a Argentina estão há uma década na frente do Brasil na área de tecnologia digital, isso devido às diferenças no processo de colonização desses países”, explica.

Especialidades

Hummel conta que a videoconsulta é ideal para o primary care, chamado nos Estados Unidos de pré-emergencial. Por exemplo, quando a pessoa passa mal de madrugada e não tem como acessar o seu médico.

O segundo maior uso é nas especialidades médicas na qual o diagnóstico é feito a partir da observação, como a dermatologia. “Sempre será compensador se o primeiro diagnóstico – visual – a respeito de uma mancha ou furúnculo puder ser feito remotamente, porque permite fazer um pré-julgamento. Claro que depois é necessário fazer os exames, mas, no caso de distância, basta que se tenha uma foto do problema em boa resolução para fazer algum tipo de diagnóstico”, conta.

Isso, segundo ele, se chama tecnologia utilitarista, ou seja, aquela que beneficia a maioria. Mesmo que em 1.000 casos de diagnóstico à distância 50 tenham sido inconsistentes, o que vale é a maioria, e a solução deve ser implantada.

Outro exemplo é na oftalmologia. Para Hummel, em áreas remotas, é melhor que se faça o diagnóstico à distância, mesmo com a possibilidade de erro, do que não se faça nada. “O que importa é a triagem sobre a criticidade de cada caso. Isso é definitivo para custeio da saúde, porque não precisa colocar em uma mesma fila todos os níveis da doença. O ideal e separar pelo grau do problema, o que a triagem remota, através da tecnologia, oferece. Isso diminui os altos custos gerados quando um especialista atende um problema banal”, explica.

Nestes casos, é possível que uma assistente coloque a pessoa em um equipamento que permite a visualização da parte afetada. A leitura é realizada e enviada para um centro clínico para análise de um especialista, que faz o diagnóstico. Isso já é feito em outros locais, como na Grã-Bretanha. Vale lembrar que essa e outras experiências serão mostradas no HIMSS@Hospitalar.

Hummel faz questão de salientar que a situação é diferente na oncologia, pois o médico não consegue fazer um diagnóstico à distância. São necessários os exames.

(Continua…)


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