Os robôs cirúrgicos não são uma novidade, mas ainda há muito campo para crescer, por isso é importante conhecer as experiências de hospitais que utilizam essa tecnologia. Essas máquinas possibilitam melhor visualização do local a ser operado, precisão nos movimentos comandados pelo cirurgião e, por realizarem um procedimento minimamente invasivo, causam menos traumas no paciente, contribuindo para sua rápida recuperação.
Por exemplo, o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo (SP), é pioneiro em cirurgia minimamente invasiva e robótica, tendo adquirido seu primeiro robô Da Vinci em 2007. De 2008 a março de 2017, já realizou 5.641 procedimentos com ajuda dessa tecnologia e, só no ano passado, foram 1.177. Recentemente, a instituição lançou dois atlas inéditos, que abordam cirurgias ginecológica e gastrointestinal.
Marcelo Tamura, médico e um dos autores do livro de cirurgia ginecológica, destaca que os atlas são didáticos, ilustrados e trazem as experiências de cirurgiões renomados. “Eles não discutem doenças, mas trazem dicas diretas e práticas para o dia a dia do médico. Abordam técnicas de cirurgias e os cuidados para se obter bons resultados, com segurança”, acrescenta. O médico Renato Moretti Marques é o outro autor desse atlas.
Já o de cirurgia gastrointestinal, segundo um dos autores, o cirurgião Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, reúne conteúdo de um grande número de professores brasileiros, do grupo cirúrgico do Einstein, além de cirurgiões internacionais, como o médico italiano Pier Cristoforo Giulianotti, um dos pioneiros da técnica.
“Com o crescimento da robótica, esse atlas vai ser um grande pilar de ensino, sem dúvida, um marco na cirurgia robótica brasileira. Foi um trabalho de cinco anos”, conta Macedo, que assina a obra junto com o também cirurgião Vladimir Schraibman.
Neste ano, o Centro de Excelência em Cirurgia Robótica do Einstein tornou-se o primeiro serviço da América Latina a receber a certificação da SRC – Surgical Review Corporation. A organização americana desenvolve e administra programas de acreditação para cirurgiões e hospitais de todo o mundo com foco na melhoria da segurança, qualidade dos cuidados prestados e redução dos custos globais associados ao sucesso do tratamento cirúrgico.
Outra instituição que tem experiência no assunto é o Hospital Esperança – Rede D´Or São Luiz, de Pernambuco, que acaba de completar um ano de cirurgia robótica e, durante esse período, fez mais de 160 procedimentos de sucesso.
O destaque vai para o chefe da Urologia, Misael Wanderley, que realizou a sua quinquagésima cirurgia robótica, tornando-se o profissional que mais executou procedimentos com auxílio dessa tecnologia no norte-nordeste. São feitas com o robô Da Vinci Si HD cirurgias urológicas, ginecológicas, bariátricas e coloproctológicas. Ainda este ano, terá início o programa com a cirurgia torácica e, posteriormente, as cirurgias de cabeça e pescoço.
Hoje, em Pernambuco, a rede possui 15 cirurgiões com treinamento no exterior, habilitados a participar do programa de cirurgia robótica. A capacitação de outros profissionais continua sendo realizada em Bogotá.
Uma grande novidade é a parceria fechada com a USC – University of Southern California para treinamento e desenvolvimento científico das equipes. O Hospital Esperança também anuncia a integração do Serviço de Cirurgia Robótica com a Oncologia da unidade, oferecendo aos pacientes a abordagem para o tratamento do câncer.
Da Vinci Xi
O Hospital Moriah, fundado em 2015 em São Paulo (SP), acaba de adquirir o novo sistema cirúrgico robótico Da Vinci Xi, o mais moderno do segmento. Com isso, a instituição, que já conta com recursos tecnológicos de última geração, poderá realizar cirurgias minimamente invasivas de diversas especialidades, como urológica, cirurgia geral, ginecológica, de cabeça e pescoço, torácica e cardíaca.
Essa versão do robô possui novo design com imagens em 3D, vem com quatro braços mais finos e de longo alcance com ótica em todos eles e faz uma incisão menor, gerando maior mobilidade, maior alcance e imagens mais nítidas para os cirurgiões, em termos de procedimento. Devido à sua precisão, consegue zerar o tremor do médico e alcançar cavidades impossíveis com a mão humana.
Com o Da Vinci Xi, o cirurgião controla os braços mecânicos com as câmeras, pinças e outros instrumentos cirúrgicos, podendo, se necessário, mudar o posicionamento do paciente durante a cirurgia sem interrupção do procedimento, pois os braços do robô acompanham a alteração de posição da mesa. Com a chegada do equipamento, o Moriah implantou o seu Centro de Cirurgia Robótica.
Matéria originalmente publicada na Revista Hospitais Brasil edição 85, de maio/junho de 2017. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-85-revista-hospitais-brasil