A evolução do tratamento da obesidade surpreende em termos de volume e técnica. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o número de cirurgias realizadas saltou de 60 mil, em 2010, para 100 mil no ano passado. Agora, uma nova técnica endoscópica e sem cortes deve elevar ainda mais o número de pessoas que tratam desse grande problema de saúde pública que é a obesidade. Trata-se da gastroplastia endoscópica* – nova opção de tratamento que estará disponível no Hospital SAHA, em São Paulo (SP), a partir do mês de junho.
De acordo com Eduardo Grecco, cirurgião e endoscopista que integrou a equipe médica responsável pela implantação do novo método no Brasil, a gastroplastia endoscópica é segura, eficaz e sem cortes na barriga. “O procedimento consiste na introdução de um equipamento flexível pela boca, como acontece nos exames endoscópicos. Com ampla visão do estômago, realizamos suturas no órgão, deixando-o com a forma tubular. O procedimento é realizado em ambiente hospitalar, dura em média 60 minutos, e prevê apenas um período de quatro horas para que o paciente fique em observação, sendo liberado na sequência. Em casa, deve apenas seguir uma dieta prescrita antecipadamente”.
O especialista explica que a sutura endoscópica não causa déficit absortivo, somente restritivo. Sendo assim, problemas como desnutrição, anemia e deficiência de vitaminas não ocorrem. O acompanhamento é feito em consultório e pode ser necessário realizar endoscopia ou exames de contraste para avaliação dos resultados. Nos primeiros casos tratados, a perda de peso girou em torno de 14% no primeiro mês.
“Além de todas as vantagens de um procedimento minimamente invasivo, essa técnica pode ser realizada em pacientes com obesidade grau I e II – que são pacientes não candidatos às cirurgias bariátricas convencionais. Portanto, não são métodos que se competem ou se comparam. Vale lembrar que a obesidade grau I vem logo depois do sobrepeso (IMC entre 25 e 29,9). Ou seja, quando o paciente atinge IMC 30 e não consegue mais perder peso com exercícios físicos e dieta, a gastroplastia endoscópica já pode ser considerada uma opção de tratamento”, diz Grecco.
Como a obesidade vem aumentando no Brasil, atingindo proporções epidêmicas, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliou de seis para 21 o número de doenças que podem justificar a cirurgia bariátrica. O procedimento contribui, então, para tratar o diabetes tipo 2, hipertensão, problemas nas articulações, asma, doenças do refluxo gástrico e apneia do sono, entre outros.
Na opinião de May Ganme Cividanes, diretora executiva do Hospital SAHA, é fundamental estar alinhado com os avanços das cirurgias minimamente invasivas, que costumam ser mais rápidas que as convencionais e com menos complicações e infecções. “Estamos honrados em sermos os primeiros a investir nessa técnica e contar com a confiança de grandes profissionais para proporcionar mais saúde, bem-estar e qualidade de vida a tantas pessoas que sofrem com o excesso de peso”.
*A gastroplastia endoscópica é uma técnica desenvolvida pelo médico Manoel Galvão Neto – hoje professor afiliado da Faculdade de Medicina do ABC (Serviço de Endoscopia Digestiva da Disciplina de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo) – em conjunto com os médicos Eduardo Grecco, Thiago Souza e Gustavo Quadros.