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Tecnologia aplicada à saúde é debatida por palestrantes nacionais e internacionais

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“A combinação entre metodologia e tecnologia está contribuindo para que hospitais sejam organizações mais completas”. A afirmativa foi feita pelo presidente do Conselho da Associação Americana de Informática Médica, David Bates, que ministrou a conferência de abertura do IV Congresso Internacional CBA/JCI 2017, realizado em setembro.

Aberto oficialmente pela superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), Maria Manuela Alves dos Santos, o Congresso teve como tema central Saúde 2.0: tecnologias emergentes e qualidade do cuidado. E esse elo não faltou na convenção do Dr. Bates. Ele, que é diretor de inovação do Brigham and Women’s Hospital, professor do Departamento de Política e Gestão da Saúde da Harvard School of Public Health e diretor da ISQua (International Society for Quality in Health Care), defendeu o compartilhamento de dados com os pacientes e o empoderamento destes no tratamento.

“Um levantamento apontou que 74% dos adultos utilizam redes sociais”, apresentou ele, dizendo que é preciso estabelecer uma conexão com os pacientes a fim de saber suas necessidades e poder saná-las. Bates garante que o atendimento e a internação customizados impactam diretamente nas reinternações. De acordo com o médico, uma em quatro readmissão poderiam ser evitadas.

O professor de Harvard também é favorável ao uso de aplicativos que promovem a saúde do paciente, como aqueles que controlam seus hábitos de consumo de água, caminhada e atividade física, entre outros, desde que os mesmos sejam integrados ao prontuário eletrônico do paciente. Bates citou como exemplo o aplicativo ‘Ginger.io’, que pode ser baixado em smartphones e coleta dados para predizer se há sintomas de depressão. O app garante que pode fazer o usuário se sentir “mais forte, mais feliz e mais realizado, com o oferecimento de suporte, orientação e terapia, com cuidado real por pessoas reais a qualquer hora e em qualquer lugar”.

De acordo com o diretor de inovação do Brigham and Women’s Hospital, mais de 95% dos hospitais norte-americanos usam o prontuário eletrônico, mas a maioria das organizações ainda não sabe como usar esses dados. “Eu acho que isso é uma grande tarefa. Temos que determinar como será a utilização dessas informações, de forma a melhorar a qualidade, segurança e eficiência dos cuidados. Mas para isso, é necessário que empresas e organizações invistam em estratégia de dados”, garante Bates.

Ele ressaltou que essa nova forma de lidar com a informação será tão transformadora quanto o aparecimento da internet propriamente dita, mas há implicações como a perda da privacidade: “haverá a necessidade de encontrar novas formas de proteção, pois a verdadeira privacidade não será mais possível”.

O superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein, Miguel Cendoroglo e o gerente de informática clínica do Hospital Sírio Libanês, Vladimir Ribeiro Pinto Pizzo participaram como debatedores da mesa de abertura, que contou com a moderação do pesquisador da Fiocruz e consultor do CBA, José Carvalho de Noronha. Em relação às novas tecnologias, Vladimir Pizzo frisou que é importante que os dados sejam estruturados para que as instituições invistam em repositórios unificados e normalizados de dados. Como nos EUA, ele lembra que também aqui há uma explosão de apps, “mas são aplicativos que resolvem apenas um pedaço do problema e falta integração entre eles, em plataformas que possam trazer benefícios ao usuário. Os nossos sistemas de informação estão mudando: muitas vezes a tecnologia nos afasta da beira do leito e precisamos identificar as tecnologias que nos aproximam dos pacientes”, completou.

“Sou um médico analógico, do século XX”. Assim começou a fala de Miguel Cendoroglo, que revelou o sonho de um dia ser uma organização com dano zero ao paciente e destacou que são necessárias novas cabeças para lidar com as novidades que estão chegando. “Os líderes precisam criar espaço para desenvolver formas de extrair valor dessas novas tecnologias”, afirmou.

O CEO da United Health Group Brasil, Claudio Lottenberg, destacou a grande evolução tecnológica na área médica e mencionou diversas abordagens das novidades, como a possibilidade de diagnósticos via aparelhos, na área da genética e previu que atividades cirúrgicas poderão vir a acontecer dentro dos centros de diagnóstico, como já acontece com as endoscopias. “Alcançar qualidade, segurança e tecnologia racional. Essa é a missão de agregação da tecnologia à saúde”, afirmou o gestor, que fez uma conferência virtual no Congresso. A superintendente do CBA trouxe à tona a questão da formação dos médicos, que não apresenta novidades. “O que provoca mudanças é sempre o serviço e os serviços estão mais preparados a ensinar. As faculdades não preparam para a evolução tecnológica”.


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