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Prevenindo a infertilidade masculina

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é infértil o casal que não consegue engravidar após um ano de tentativas sem o uso de qualquer tipo de método contraceptivo. Atualmente, cerca de 15% dos casais apresentam problemas de fertilidade, algo como mais de 80 milhões de pessoas no mundo – ou sete milhões de casais no Brasil. “Podemos estimar que cerca de 30% das causas de infertilidade devem-se ao fator exclusivamente masculino, podendo o homem participar com cerca de 50% da infertilidade conjugal quando avaliados os fatores mistos”, explica o urologista Dimas Lemos Antunes, do Hospital Jayme da Fonte, de Recife (PE).

Os fatores que podem levar um homem à infertilidade são muitos e envolvem doenças e síndromes genéticas que podem interferir na capacidade reprodutiva, na produção de hormônios e de espermatozoides; doenças infecciosas (DST, caxumba); vários tipos de câncer; torção ou traumas nos testículos; varicocele (veias dilatadas na bolsa escrotal); a procedimentos cirúrgicos como correção de hérnias inguinais e cirurgias para próstata. Fatores como a exposição à radiação e a altas temperaturas, o uso de drogas e de anabolizantes também podem levar o homem à infertilidade temporária ou definitiva.

Segundo o urologista, com o passar dos anos, em um processo natural de envelhecimento, todo homem tende a diminuir a produção de espermatozoides. No entanto, ele alerta que alguns hábitos podem acelerar esse processo, causar infertilidade ou diminuir as chances de concepção. “O tabagismo, o etilismo e o uso de drogas como a maconha e a cocaína estão intimamente ligados a alterações no espermograma, principalmente pelo aumento da produção de radicais livres de oxigênio, que degradam os espermatozoides, além de interferirem na função erétil”, explica Dimas.

O uso de lubrificantes durante a relação sexual, banhos quentes e saunas e o hábito de usar materiais quentes (a exemplo de notebooks) apoiados sobre a bolsa escrotal também podem interferir na produção de espermatozoides. “O uso de esteroides anabolizantes também pode causar bloqueio da produção endógena de testosterona e causar parada na produção de espermatozoides”, diz.

Existem diversas formas de tratar a infertilidade masculina, dependendo de onde se encontra o obstáculo à fecundação. “Além da mudança de hábitos e aconselhamento quanto aos melhores períodos para as relações sexuais, podem ser prescritos complementos alimentares com funções antioxidantes, medicações para aumentar a produção de espermatozoides e testosterona”, explica o profissional. Também pode ser necessária a realização de procedimentos cirúrgicos como a correção da varicocele, reversão de vasectomia, punção do testículo ou mesmo a dissecção do testículo à procura de espermatozoides.

Um alento para esses homens está no avanço das técnicas de reprodução assistida, conforme explica Dimas Antunes: “Pode-se dizer que para um homem ser pai biológico é preciso, grosso modo, que ele produza pelo menos um espermatozoide e que este possa ser captado, preparado e colocado dentro do óvulo da mãe (ou de uma doadora) para assim formar o embrião a ser implantado no útero da mãe”. Em situações nas quais não são detectados espermatozoides no sêmen, outras técnicas podem ser empregadas, incluindo o uso de microscópio durante o procedimento para se “caçar” um espermatozoide dentro do testículo. “Se com nenhuma destas técnicas se consegue detectar espermatozoides, o paciente não poderia ser pai biológico. Então as opções seriam uso de espermatozoide de doador ou adotar uma criança”, explica.

Mas como a prevenção é sempre o melhor remédio, algumas iniciativas podem ser tomadas por quem deseja afastar o fantasma da infertilidade. Primeiro, é preciso detectar na história do paciente a existência de fatores que predisponham à infertilidade e afastá-los. “Isso inclui a troca de algumas classes de medicamentos, o abandono do tabagismo, etilismo, drogas ilícitas (cocaína, maconha) e esteroides anabolizantes, afastamento ou cuidados com riscos ocupacionais (pesticidas, metais pesados, radiações ionizantes, altas temperaturas, etc.)”.

Segundo Dimas, o casal também precisa ser orientado sobre a frequência das relações, os melhores momentos para aumentar a chance de fecundação de acordo com o ciclo menstrual e sobre os efeitos do uso de alguns tipos de lubrificantes sobre os espermatozoides. “A realização de atividades físicas, a alimentação saudável e o apoio psicossocial são sempre impactantes tanto no desempenho sexual quanto na função fértil do homem”, aconselha o urologista.


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