Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde mostram que o Brasil deve registrar este ano cerca de 600 mil novos casos de câncer, dos quais 68.220, são de próstata. Será o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Diante deste cenário, o Hospital Sírio-Libanês está buscando inovações no tratamento de pacientes submetidos à radioterapia, que promete ser mais um aliado no combate à doença. A novidade é conhecida como radioterapia ultra-hipofracionada, que reduz o número de sessões para cinco aplicações frente à 40 frações do tratamento convencional. “O tratamento é realizado em cinco dias, com duração média de 22 minutos por fração, o que torna o procedimento menos agressivo”, explica o Dr. João Luis Fernandes da Silva, diretor adjunto do Departamento de Radioterapia do Hospital Sírio-Libanês.
Inédita no país, a terapia utiliza um sistema chamado Calypso. Três transponders (sistema que recebe e emite sinal), são colocados na próstata através da pele com auxílio de ultrassom e raios X, como ilustram as figuras ao lado. Os dispositivos são identificados por uma placa com nove receptores. Uma imagem é realizada pelo próprio aparelho que faz o tratamento para checar a localização dos dispositivos, que já estarão bem próximos às células tumorais. “Como os transponders são colocados dentro da próstata, órgãos como bexiga, uretra e reto ficam protegidos contra radiação”, afirma o médico.
O paciente é colocado na mesa do acelerador linear (aparelho que realiza o tratamento). Os transponders emitem 25 sinais cada um por segundo, que são reconhecidos pelo sistema Calypso, através de uma placa com nove receptores.
O acelerador é ligado e quando os sinais da próstata são reconhecidos, o feixe de radiação é liberado e ataca as células tumorais. Se o alvo sair da mira, o aparelho para de girar em torno do paciente e desliga automaticamente. “O tratamento não necessita de anestesia e não tem restrições, físicas, sexuais ou ocupacionais durante a sua execução, sem perder a eficácia”, diz.
Esse novo procedimento aumenta as chance de cura mais rapidamente e permite que o homem leve uma vida sem restrições, com atividades físicas e sexuais e gente comece a tratar um quadro que sugere o desenvolvimento da metástase mais cedo, antes mesmo de um novo tumor aparecer. Isso garante um ganho de sobrevida sem metástase e não é agressivo ao corpo, por ser realizado em apenas uma semana. “Inovações como esta vão de ir ao encontro do caminho que vejo ser a tendência atual, que é a prática de medicina personalizada. A tecnologia traz novas formas de se lidar com o câncer e precisam ser aplicadas cada vez mais”, conclui.