O município de Jardinópolis (SP), com pouco mais de 37 mil habitantes, na região de Ribeirão Preto, iniciou na última sexta-feira (11) as reuniões de organização da campanha educativa de combate à hanseníase.
Há quatro meses, uma ação da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) em conjunto com a Prefeitura Municipal avaliou 135 pessoas e diagnosticou a doença em 15 adultos e crianças; ou seja, 11,11% de casos positivos no universo avaliado. Foram dois dias de busca ativa de casos na cidade e, na oportunidade, a SBH fez treinamento de profissionais da saúde para diagnóstico e tratamento da hanseníase.
A ação foi realizada porque o dermatologista Fred Bernardes, da SBH, identificou cinco doentes em consultas no Pronto Socorro de Jardinópolis. O município teve um incremento importante e impactante na sua taxa de prevalência de hanseníase de 0,78 em 2014 para 4,43 em 2015, sendo maior que a taxa do estado de São Paulo, que é de 0,8 casos por 10 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera não endêmica a região que tem prevalência menor que 1 caso por 10 mil habitantes.
Na última quarta-feira (9), a SBH encaminhou à Secretaria da Saúde de Jardinópolis o projeto SBH Educa para ser implantado no município. “O projeto consiste em ações de alerta e informação para toda a população, pois são os próprios doentes, os parentes, os professores, amigos e pessoas próximas os primeiros a identificarem manchas ou áreas dormentes suspeitas na pele”, explica o presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade. Segundo ele, o combate à doença depende fundamentalmente da conscientização da população.
Na sexta-feira (11) pela manhã, a enfermeira Monalisa Chaguri, da Vigilância Epidemiológica de Jardinópolis, reuniu-se com o presidente do Rotary Clube de Jardinópolis, José Eduardo Gomes, com objetivo de apresentar as estratégias da campanha SBH Educa e somar forças com a sociedade civil. “Com o aval da Secretaria da Saúde e orientação da secretária Renata Lucia Pires, vamos empreender um grupo de trabalho para mobilizar a comunidade e levar informação a todos os segmentos da população”, disse Monalisa.
Hanseníase
O Brasil regista cerca de 30 mil novos casos de hanseníase por ano – número semelhante ao da Aids no país – e é o segundo no ranking mundial, logo após a Índia, que lidera a lista. A hanseníase é a doença infecciosa que mais cega. Hanseníase e diabetes são as maiores causadoras de feridas no Brasil, país em que as feridas são consideradas problema de saúde pública.
A SBH está preocupada com o alto número de pacientes menores de 15 anos com hanseníase, o que implica a incidência da doença entre os comunicantes – familiares, amigos, etc.