A cirurgia intrauterina a céu aberto – realizada no bebê antes mesmo de nascer – acaba de apresentar resultados ainda mais promissores para a medicina. Um estudo inédito realizado por uma dupla de especialistas do Hospital e Maternidade Santa Joana – Dr. Antonio Moron, coordenador do departamento de medicina fetal da maternidade e Dra. Nathalia Carvalho, obstetra – destacou a segurança da técnica com a comprovação da cicatrização do útero e da membrana amniótica após o procedimento.
A pesquisa apresentada em Atlanta (EUA) no último congresso da Sociedade de Medicina Materno-fetal (Society for Maternal-Fetal Medicine) esclareceu a questão da capacidade regenerativa da membrana amniótica. De acordo com especialista Dr. Antonio Moron, médico pioneiro da técnica de cirurgia intrauterina, sempre existiu a dúvida em relação à ação mecânica (sutura) e o processo de cicatrização, principalmente pelo fato de não haver vascularização no local. “Basicamente o estudo mostrou que existe um processo reparativo da membrana através de uma avaliação citológica complexa, que comprovou que o útero passa sim por um processo de proliferação cicatricial, por meio de fibras de colágeno”, explica o especialista.
A cirurgia intrauterina a céu aberto consiste em um procedimento cirúrgico em que o feto é operado ainda dentro do útero da mãe com o intuito de corrigir o defeito causado por algumas doenças graves, entre elas a Mielomeningocele – uma malformação congênita da coluna e medula espinhal que ocorre nas primeiras semanas de gestação. Após a cirurgia, o local é suturado e a gestante precisa manter um repouso absoluto para não ocorrer contrações que possam impedir a cicatrização, analisada pela equipe médica fetal. “Com este estudo, observamos um grande número de fibras de colágeno no local da sutura. A proteína fibrilar foi responsável pela cicatrização e se tornou a primeira evidência clara que existe um processo reparativo na membrana amniótica, uma análise extremamente importante”, conclui o médico.