Foi pela busca da governança e assertividade na gestão hospitalar que médicos, CEOs, CMOs, engenheiros clínicos, e outros profissionais da alta hierarquia da administração de hospitais concordaram em reunir-se, há pouco mais de três anos. Formaram um seleto clube e desde então, uma vez por mês, estão juntos para trocarem informações sobre aprendizados e lições que o cotidiano da gestão hospitalar impõe. Benchmarking de gestão e governança para executivos do setor de saúde, pública e privada, na definição da mentora e idealizadora do projeto, Tania Machado.
Em sua 40ª edição, o Business Club Healthcare (BCH) se prepara para levar para a América Latina as melhores práticas e os debates que aqui no Brasil estão contribuindo para a “eficiência, enriquecimento e busca contínua da melhoria do setor de saúde”, avalia a diretora de Vida e Saúde da Deloitte Touche Tohmatsu, Juliana Curvello, que é participante do BCH. “O modelo de debates proposto pelo Business Club Healthcare eu ainda não conhecia. Seu diferencial é conseguir reunir os profissionais e ajudá-los a ampliar a visão da gestão das instituições de saúde, compartilhar modelos de sucesso, conhecer soluções do mercado e estimular a discussão de caminhos para melhorias comuns”, diz Juliana.
Questionada sobre a quebra de paradigmas que o BCH proporcionou ao longo de sua existência, Tania explica que os encontros promovidos pelo clube acontecem dentro dos hospitais, que são os anfitriões e recebem profissionais de outros hospitais para compartilharem experiências. “Isso é uma inovação para o setor, derrubamos muros, aproximamos concorrentes. Nenhum queria visitar a casa do outro e muito menos expor sua gestão e o clube propicia isso. É um grande avanço”, ressalta a presidente do BCH.
A troca de experiências minimiza erros, reduz custos para os hospitais, a vivência ajuda a apontar caminho para a melhor gestão e governança. O hospital que já passou por situações que interessam aos participantes do clube expõe quais foram os custos, os erros e acertos na implementação de um projeto, as lições aprendidas e os impactos nos resultados. É este o formato dos encontros. “O benchmarking para os executivos da área de saúde é a possibilidade de reduzir custos e impactos financeiros para os negócios, erros que talvez não seriam evitados sem a troca de experiências”, diz Tania.
Na avaliação do diretor executivo dos hospitais Bandeirantes e Leforte, de São Paulo (SP), Rodrigo Lopes, o trabalho desenvolvido pelo Business Club Healthcare atende a necessidade de uma participação cada vez mais significativa dos líderes, na qualidade do sistema de saúde do país. “Mais do que debater, os encontros promovidos pelo clube proporcionam a troca de informações e contribuem, diretamente, com questões que impactam a dinâmica e desempenho de nossas rotinas. Planejamento estratégico, controle de processos e custos, gestão do capital humano, desafios das áreas de OPME e compras, enfim, são tratativas presentes em nosso dia a dia”, explica Lopes, que completa: “Em termos de paradigma, tenho certeza de que os ganhos vão além da gestão, eles refletem diretamente na qualidade assistencial, nas políticas de qualidade e na excelência assistencial ao paciente”.
BCH na América Latina – Chile
O Business Club Healthcare reunirá no Chile presidentes e diretores de hospitais privados e universitários dos países latino-americanos: Peru, Colômbia, Venezuela, Uruguai, Argentina e Brasil. O lançamento do evento acontecerá durante a Feira Hospitalar 2016, no dia 19 de maio, às 13h.
O ex-ministro da Saúde do Chile, Santiago Venegas Díaz, é um dos idealizadores e apoiadores do Business Club Healthcare na América Latina. Nesta entrevista ele fala sobre a importância do compartilhamento da experiência brasileira nos países vizinhos:
BCH – Qual avaliação o senhor faz do trabalho e dos eventos do Business Club Healthcare (BCH) para a melhor performance da gestão clínica/hospitalar?
Santiago Venegas Díaz – Eventos BCH são uma oportunidade única para conectar os líderes da saúde no Brasil e Latam, discutir os desafios da indústria para a região, além de conhecimentos e a transferência de boas práticas de gestão hospitalar e clínica. A indústria da saúde se destaca pela inovação tecnológica, aumento dos custos e expectativas de pacientes. O BCH nos permite compartilhar as melhores soluções para gerenciar esses players.
BCH – Qual a importância do BCH para o setor de saúde?
Díaz – Eu acho que é uma oportunidade muito importante para fortalecer o setor. O clube se relaciona com os principais líderes de hospitais e clínicas, criando uma sinergia de conversas e conhecimento das melhores práticas, alcançar sinergias que o setor da saúde necessita permanentemente. Interação com os fornecedores de tecnologia, o que permite atualizar ferramentas de gestão e melhoria da tendência de desempenho para hospitais.
BCH – Sobre a edição latino-americana da BCH no Chile, qual sua perspectiva?
Díaz – O evento que está sendo organizado em Santiago do Chile gerou grande interesse entre os CEO de hospitais e clínicas. Temos o apoio da sociedade chilena de administradores hospitalares, a associação de hospitais privados, a Câmara de Comércio Chile – Brasil. Certamente será um grande sucesso! O setor da saúde da América Latina está se desenvolvendo e crescendo muito fortemente, principalmente no Chile, Peru, Colômbia e Argentina.
BCH – Por que é importante compartilhar os conhecimentos e trocar experiências com os profissionais do Chile, ou da América Latina?
Díaz – No Chile, assim como a América Latina, acontecerão grandes mudanças na regulamentação do seguro de saúde (operadores) público e privado. Os custos subiram acentuadamente, as pessoas estão insatisfeitas com a cobertura de seguro e os cuidados que recebem nos hospitais. Essas mudanças vão alterar os mecanismos de pagamento e os incentivos para os operadores de saúde, hospitais, prestadores de serviços, indústria farmacêutica, entre outros. Portanto, é muito importante conhecer as melhores experiências entre os países, evitar os mesmos erros e aplicar boas e melhores práticas. O Business Club Healthcare é o caminho para este objetivo estratégico.