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Como mensurar o poder da humanização nos hospitais?

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Uma recente pesquisa de doutorado comandada pelo médico Marcelo Schweller e coordenada pelo professor Marco Antonio de Carvalho Filho, com estudantes da Unicamp, mostra como é possível ensinar empatia e contribuir para que os médicos saibam lidar melhor com a dura rotina dos hospitais, oferecendo assim um tratamento mais eficaz aos pacientes.

Com a ajuda de atores que faziam o papel de pacientes em situações de alta complexidade física e emocional, alunos do quarto e sexto ano de medicina simulavam atendimentos e discutiam juntos as variáveis por trás das inúmeras situações apresentadas nas consultas.

Em seguida, os alunos acompanhavam os médicos da universidade no hospital e podiam ver na prática como eles agiam para criar empatia com os pacientes.

Ao final do trabalho, concluiu-se que mais de 80% dos alunos sentiram-se à vontade nas consultas simuladas e 94% apontaram que melhoraram a sua capacidade de ouvir o paciente. Além disso, quase 100% afirmaram que aplicarão na vida profissional os conhecimentos adquiridos durante as simulações.

Os níveis de empatia, por sua vez, subiram de 117,9 para 121,3 após o curso, seguindo a Escala Jefferson de Empatia Médica (JSPE), com efeito maior sobre os estudantes que apresentavam índices menores de empatia antes da intervenção.

É interessante perceber que este despertar para a humanização venha ocorrendo de maneira mais forte nos alunos dos últimos anos da faculdade de medicina, no momento em que passam a vivenciar de perto o dia a dia no hospital e a enfrentar situações complexas, para as quais percebem que nem sempre estão preparados psicológica e emocionalmente.

Isso porque muitos destes jovens discordam da lógica vigente, segundo a qual o distanciamento é a melhor forma de não se deixar abater pelos dramas comuns ao ambiente hospitalar.

Mais promissor ainda é a medicina poder contar com estudos como este que ajudam a humanização a saltar do campo do conhecimento empírico para o da evidência científica, devidamente avalizada por profissionais renomados em sua área de atuação.

Embora ainda haja muito a se fazer pela humanização nos hospitais, causa entusiasmo perceber a força que este tema está ganhando na área da saúde. E, mais ainda, por ver que vão surgindo, aos poucos, instrumentos capazes de mensurar os resultados obtidos ao incentivar essa prática no ambiente hospitalar.

 

Regina Vidigal Guarita é empreendedora social e diretora-presidente da Arte Despertar, organização sem fins lucrativos que trabalha com cultura, arte e educação (www.artedespertar.org.br)


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