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Casos de câncer devem aumentar em 50% até 2030

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Embora os tratamentos e alternativas para o diagnóstico do câncer tenham evoluído significativamente nos últimos anos, a doença ainda assola um grande número de pessoas anualmente. Segundo um relatório da OMS, até 2030 os casos de câncer aumentarão cerca de 50% – nesse ano, cerca de 22 milhões de pessoas sofrerão com a doença. Alguns especialistas acreditam que esse crescimento se deve principalmente às mudanças do estilo de vida que vêm acontecendo nos últimos anos. De acordo com a geneticista que integra o corpo clínico do Delboni Medicina Diagnóstica, Dra. Michele Migliavacca, são muitos os fatores que contribuem para o surgimento de um câncer, por isso, nem sempre é possível apontar apenas um fator.

“Devemos considerar que a nossa população está vivendo cada vez mais e, portanto, fica mais exposta aos danos do tempo. Outro fator que também pode estar correlacionado é a adoção de hábitos de risco, como o fumo e o stress, que podem contribuir consideravelmente para o quadro. Mas é importante ressaltar que nem sempre há um motivo específico – o nosso DNA está o tempo todo sofrendo danos  proveniente do próprio metabolismo da célula e também do ambiente. Nós temos um eficaz mecanismo de reparo de DNA porém quando este falha a célula pode se dividir sem controle podendo levar a formação de um tumor”, explica a médica.

O câncer pode ter duas origens: o hereditário, que é decorrente da herança de genes com predisposição ao desenvolvimento de tumores – corresponde a cerca de 10% dos casos da doença –, e câncer esporádico, que é causado por uma mistura do ambiente externo com genética. Este último é o tipo de câncer mais comum, e não costuma ser previsível ou ter relação com algum histórico familiar.

“É importante termos essa consciência de que, desde que nascemos, nossas células estão sofrendo com intervenções externas. O próprio oxigênio acaba impactando no processo de envelhecimento do DNA, portanto, é importante tomarmos as medidas que estão ao nosso alcance para prevenir essa degeneração. Manter uma alimentação regrada, evitar o sedentarismo e adotar medidas preventivas ao estresse são ações que devemos adotar no nosso dia a dia. Ficar longe do cigarro e drogas em geral também é essencial”, salienta a médica.

Diagnóstico precoce

Além de medidas preventivas, os especialistas também recomendam que sejam feitos exames para detecção de mutações para risco aumentado de câncer, para avaliar as chances do desenvolvimento de um câncer. É o caso de quem possui histórico familiar para alguns tipos de tumores, como o de mama e de ovário. Vale reforçar que os exames devem ser preferencialmente solicitados por um geneticista, mastologista ou oncologista.

“É fundamental que o médico solicitante tenha conhecimento das heranças mendelianas (conjunto de princípios relacionados à transmissão hereditária das características de um organismo a seus filhos), genética molecular e câncer para avaliar corretamente a história familiar do paciente. Desta forma, está garantida a correta interpretação do laudo”, pontua Dra. Michele.

Ainda segundo a especialista, a Síndrome de Predisposição ao Câncer de Mama e Ovário Hereditário – uma das mais comuns quando se trata de câncer hereditário – é causada por mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2. A forma de herança é autossômica dominante, ou seja, uma mãe portadora tem 50% de chance de passar essa mutação para os seus filhos. As pessoas portadoras de mutações nesses genes apresentam um risco maior de desenvolver câncer ao longo da vida quando comparados à população geral. Para o câncer de mama, esse risco pode ser de 80% e para ovário até 50%.

“O câncer de ovário é de difícil rastreio pela sua localização e o ultrassom pélvico muitas vezes não consegue identificar alterações características dos estágios iniciais da doença. O ultrassom pode ser realizado pela rede pública. Quando existe uma suspeita de câncer hereditário, testes genéticos podem ser realizados. Portanto, quando um diagnóstico é realizado, o câncer já está em um estágio mais avançado. Em pessoas que preencham critérios para câncer hereditário, o teste genético pode ser oferecido e é coberto pelos planos de saúde”, completa a especialista.

Realizado por meio da coleta de sangue, o exame BRCA1 e BRCA2 mapeia mutações por meio do sequenciamento dos genes homônimos. Caso sejam detectadas mutações, elas são posteriormente comparadas com a base de dados existente sobre o gene e suas variações. “Neste caso, as chances de desenvolver algum tipo de câncer variam bastante, entre 40% a 90%”, revela a geneticista. Esse percentual é definido com o auxílio de programas próprios para cálculo de risco, que incluem dados étnicos, informações sobre tumores já existentes na família, idade de surgimento, número de gestações, uso de anticoncepcionais, entre outros fatores.

Vale ressaltar que a tecnologia empregada para as análises clínicas tem evoluído significativamente, o que colaborou para a melhoria do diagnóstico. O Delboni, por exemplo, adotou recentemente dois novos equipamentos para sequenciamento genético, o que otimizou os resultados – tornando-os ainda mais rápidos e seguros.


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