Uma gravidez planejada está entre os desejos de grande parte dos casais. Porém, vários fatores podem fazer com que uma gestação inesperada aconteça e, inevitavelmente, a emoção e o sentimento de surpresa tomam conta do coração dos futuros pais. Contudo, há aqueles que conseguem ter filhos no momento programado, o que gera inúmeros benefícios à saúde da mãe e do bebê. Essa programação inclui estar em equilíbrio financeiro e emocional, além da certeza de estar em dias com a saúde física. Para isso, é necessário que seja realizado um check-up clínico completo. Existem exames fundamentais que devem ser feitos antes da mulher engravidar, como glicemia, Papanicolau, sorologia para afastar infecções, rubéola e toxoplasmose e exames de HIV, sífilis e hepatite.
Todavia, segundo o ginecologista da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), de Goiânia (GO), Túlio Sardinha, muitas pacientes procuram por atendimento na unidade dizendo que suspenderam os métodos contraceptivos com a intenção de engravidar, mas não realizaram exames pré-concepcionais. Entre dez pacientes atendidas por ele, nove não estão com os exames em dia. De acordo com Túlio, os testes de imagem e de coleta de sangue detectam patologias que podem interferir na gestação ou mesmo representar risco para a gestante e para o bebê no processo de desenvolvimento fetal. “Se a mulher tiver uma infecção, por exemplo, o primeiro passo será curar essa patologia porque na gravidez a medicação é restrita”, explica o ginecologista.
Esse cuidado teria mudado a história da estudante Aparecida da Silva, de 19 anos. Ela foi uma das muitas pacientes atendidas pela MNSL que não teve um acompanhamento médico antes de engravidar e não realizou exames preventivos. Quando engravidou pela primeira vez, descobriu que tinha Sífilis, o que acabou ocasionando um aborto. “Me arrependi muito por não ter feito os exames como deveria. Se tivesse me preparado desde o início, provavelmente teria tempo de tratar da infecção e estaria com meu bebê nos braços”, lamentou.
Para o médico, dois ou três meses é um tempo razoável para a mulher começar a planejar a gravidez. Esse prazo é ideal para que seja realizada uma avaliação detalhada com especialista, o que permite que ele identifique tudo que está em falta no corpo e que precisa ser reposto para uma gestação saudável. E as complicações vão além de possíveis infecções. No caso de sobrepeso, esse período é o suficiente para que a futura mãe se dedique a uma rotina de vida com alimentação saudável e prática de exercícios físicos e também é momento para a ingestão de vitaminas e nutrientes que colaboram para um bom desenvolvimento do feto. O ácido fólico, por exemplo, uma vitamina do complexo B diretamente associada à prevenção de doenças ligadas ao defeito do tubo neural (DTN), como anencefalia e espinha bífida, se tomado três meses antes do inicio da gestação evita o desenvolvimento dessas patologias.
Pré-natal
Passada a fase de planejamento, com os exames todos realizados e com o devido tratamento de prevenção feito, já no início do período gestacional, Túlio ressalta que, ainda assim, é imprescindível o acompanhamento pré-natal. Há eventualidades que podem ocorrer mesmo com todos os cuidados tomados precocemente e é importante considerar que o ácido fólico deve ser ingerido até a 14ª semana de gravidez. Durante as consultas também são repassadas informações e orientações sobre uma alimentação saudável, de preparação para o aleitamento materno, bem como de comportamentos que devem ser evitados, tais como o fumo, o álcool e as drogas. “É de extrema importância a participação de todas nesse processo para que elas tenham uma gravidez tranquila visando uma melhor qualidade de vida para o bebê que está chegando”, orienta o médico da MNSL.
Em média, 500 consultas de pré-natal são realizadas na unidade, contudo, muitas iniciam e não dão continuidade ao acompanhamento mensal, não comparecendo ou deixando de fazer os exames solicitados e necessários. “É muito importante o cumprimento correto do calendário pré-natal, pois as consultas e exames permitem identificar problemas como hipertensão, anemia, infecção urinária e doenças transmissíveis, pelo sangue, de mãe para filho, como a do vírus HIV e a sífilis. Alguns desses problemas podem causar parto precoce, aborto e até trazer consequências mais sérias para a mãe ou para o seu bebê”, ressalta o médico.
A estudante Rosana Raissa, de 20 anos, teve sua primeira filha há pouco tempo e percebeu o quão importante é seguir à risca a orientação do ginecologista. “Como fiz todo o acompanhamento médico e os exames solicitados, minha gestação foi bem tranquila. Pretendo ter mais filhos e, definitivamente, terei o mesmo cuidado”, disse. Já a promotora de vendas Cristina Tainá da Silva, de 22 anos, está no final da gravidez do terceiro filho. Ela só fez o pré-natal do primeiro e dessa terceira gravidez. Na sua segunda gestação ela não fez acompanhamento. “Percebi que tive sorte, e hoje estou ciente da importância de fazer todo acompanhamento médico, bem como os exames”, afirmou. O médico orienta ainda que toda gestante guarde seus exames e receitas médicas como documento, uma vez que no futuro lhes podem ser útil.