A cada ano, 17 milhões de pessoas têm Acidente Vascular Cerebral (AVC) no mundo, das quais 6,5 milhões morrem. Atualmente, são 26 milhões vivendo com incapacidade permanente em decorrência da doença. No Rio Grande do Sul, foram quase 19 mil casos em 2015. No ano anterior, houve o registro de 7.682 óbitos. O atendimento especializado em unidade de AVC aumenta a chance de recuperação em 14%. Outro tratamento, como a trombectomia mecânica, amplia a chances de independência em mais de 50%. Por isso, o tema para o Dia Mundial do AVC 2016, lembrado em 29 de outubro, será “AVC tem tratamento: vidas podem ser melhoradas com mais conscientização, acesso e ação”.
O Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), apoia e participa ativamente das campanhas promovidas pela Rede Brasil de AVC com o objetivo de alertar a população e aprofundar conhecimentos em relação à doença. Neste sábado (22), a instituição estará presente no evento Correndo Contra o AVC. Promovida pela prefeitura de Porto Alegre, a corrida terá largada às 9h, no parque da Redenção. No local, em frente ao Monumento ao Expedicionário, equipes Hospital Moinhos de Vento vão orientar como reconhecer precocemente sintomas e como buscar atendimento médico de emergência em Unidade de AVC.
Também com a finalidade de melhorar ações no combate à doença, será lançada na prefeitura da capital, nesta sexta-feira (21), uma parceria entre órgãos de governo da área da saúde e instituições, entre as quais o Hospital Moinhos de Vento, abrindo a Campanha Nacional de Combate ao AVC, de 22 a 30 de outubro. No evento, será lançado o Estudo Resilient. O levantamento estatístico vai comparar os resultados do tratamento endovascular com stent-retriever (dispositivo endovascular que recanaliza o vaso para a circulação sanguínea) e/ou tromboaspiração versus o tratamento clínico padrão no AVC isquêmico agudo – quando há oclusão de grande vaso. O ensaio clínico randomizado do Ministério da Saúde é coordenado pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O estudo avaliará se a trombectomia (retirada de coágulo em um vaso) no AVC isquêmico (quando há oclusão de vaso), que tem eficácia já comprovada em países desenvolvidos, é efetiva e fica dentro dos custos do SUS. Serão 16 centros do país, sendo três no Rio Grande do Sul. O projeto tem como objetivo viabilizar a implantação definitiva do tratamento no SUS.
Para que o Estudo Resilient seja possível, será preciso reorganizar o atendimento e encaminhamento dos pacientes com AVC. O projeto utilizará um aplicativo para smartphone (chamado FAST-ED) para auxiliar o Samu a reconhecer um acidente vascular cerebral e encaminhar o paciente para o centro mais adequado. Esse mesmo sistema conectará hospitais menores, sem neurologista e sem tratamento adequado, para possibilitar a discussão de casos e visualização de tomografia em tempo real por especialistas em AVC da equipe de médicos do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento. A partir dessa verificação, será decidido se o paciente deve ser transferido para uma unidade de AVC ou se pode ser tratado no local.
O estudo ainda prevê a capacitação de profissionais do Samu, de Unidades Básicas de Saúde, de centros de AVC e de hospitais que recebem pacientes com doença. O programa se inicia no dia 21 de outubro no Rio Grande do Sul e ao longo de seis meses vai se expandir para mais seis estados.
Com fatores de risco englobando hipertensão arterial, colesterol, tabagismo, sedentarismo, obesidade, uso de álcool e de drogas, entre outros, um usuário de smartphone tem na palma da mão uma forma de avaliar se tem propensão ao AVC. Para isso, basta baixar o aplicativo Riscômetro de AVC, disponível para iPhone e celulares com o sistema Android. Depois de responder 20 perguntas sobre o estilo de vida, além de idade, altura e peso, o app, no final, informa o percentual de risco de AVC em cinco anos e 10 anos. Conforme pesquisas, 90% dos casos podem ser prevenidos.
Ainda dentro da discussão sobre o tema, a médica Sheila Martins, chefe do Serviço Médico de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, reconhecida nacional e internacionalmente pelo trabalho no combate e tratamento da doença, ministrará quatro aulas no Congresso Mundial de AVC, na cidade de Hyderabad, na Índia, de 26 a 29 de outubro. Entre os temas apresentados estão modelos de cuidados para AVC em jovens na América Latina e o tratamento da doença em locais com poucos recursos.
O AVC ocorre quando o fluxo sanguíneo de parte do cérebro é interrompido. Fique atento se ocorrer um início súbito de qualquer dos sintomas abaixo:
– Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
– Confusão, alteração da fala ou compreensão;
– Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
– Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
– Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.