Poucas pessoas sabem, mas o câncer infantil é bem mais agressivo e invasivo quando comparado aos tipos de câncer dos adultos. Na maioria dos casos, os sintomas são difíceis de serem reconhecidos, provocando um atraso no diagnóstico do câncer na criança. Logo, quando é identificado, o tumor já está disseminado pelo corpo do pequeno. O lado positivo é que, pelo mesmo motivo em que o câncer infantil é mais agressivo, as chances de cura também são mais altas, afirma o Dr. Sidnei Epelman, oncologista pediatra, Diretor do Departamento de Oncologia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina e Presidente da TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer.
Essa característica do câncer infantil acontece porque as doenças na infância são de origem embrionária ou doenças linfoproliferativas, como Leucemia Linfoide Aguda (LLA), que se multiplicam mais rapidamente. Ao contrário do câncer em adultos, que muitas vezes é influenciado por fatores ambientais e atinge um órgão específico (mama, próstata, pâncreas, entre outros), o câncer infantil pode ocorrer em qualquer local do organismo e, quando é diagnosticado, muitas vezes, já se espalhou pelo corpo.
Por outro lado, a célula em constante multiplicação responde melhor à quimioterapia, já que seu índice de proliferação é maior. Isso resulta em outro fato pouco conhecido entre a população, de que o câncer infantil tem altas chances de cura. Atualmente, a taxa de cura do câncer infantil pode atingir até cerca de 80%, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
Educação da comunidade, aumento de profissionais melhores treinados, inclusão de novos serviços de cura ao câncer, pesquisas relevantes no setor, rede de conexão entre hospitais regionais, colaboração internacional e acesso a um plano de saúde são fatores essenciais para alcançar um modelo de saúde qualificado, de acordo com o artigo “Paediatric cancer in low-income and middle-income countries”, publicado na renomada publicação da área de oncologia, The Lancet, co-escrito por Dr. Epelman.
Tipos de câncer infantojuvenil
O tumor que mais acomete crianças e adolescentes é a leucemia linfoide aguda, tipo que ataca os glóbulos brancos. Tumores do Sistema Nervoso Central e linfomas também são bastante comuns nessa faixa etária.
Outros tipos de câncer infantojuvenil são o retinoblastoma, que afeta a retina, o neuroblastoma, que ataca células do sistema nervoso periférico, e o tumor de Wilms, que afeta os rins. Além disso, há o tumor germinativo, que ataca as células que dão origem aos ovários ou testículos, o osteossarcoma, um tumor ósseo, e os sarcomas, que atacam partes moles como músculos, gordura e tendões.
No Hospital Santa Marcelina, já foram atendidos mais de 2900 crianças e adolescentes de todo o Brasil, em parceria com a TUCCA, desde 1998. Dos 286 casos de câncer diagnosticados na Oncopediatria do Hospital em 2016, o tipo mais comum foi o de leucemia linfoide aguda, representando 28,4%.
Na sequência aparecem o retinoblastoma, ocupando 13,7% dos casos, e os tumores do Sistema Nervoso Central, com 10,2%. O Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina é reconhecido como centro de referência para o tratamento de ambos os tipos de câncer infantil. Os linfomas representam 9% dos casos e, em números menores, os tumores renais, ósseos, sarcomas e neuroblastoma.
Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil
Em 15 de fevereiro acontece o Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil, instituído para conscientizar e alertar a população sobre a doença, além de valorizar a força e superação dos pequenos. O câncer representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e jovens de 1 a 19 anos, segundo o INCA. Estima-se que ocorrerão cerca de 12,6 mil novos casos no Brasil em 2017.