Excelência operacional, produtividade e melhoria dos processos foram os grandes temas debatidos na terceira edição do Seminário de Gestão – Tendências e Inovações em Saúde. O evento – realizado pela FEHOSUL em parceria com o SINDIHOSPA – ocorreu na manhã desta sexta-feira (26), na AMRIGS, em Porto Alegre (RS).
Gestores de algumas das principais instituições de saúde do Brasil compartilharam experiências profissionais, análises e percepções sobre o setor. Henrique Neves, diretor-geral do Hospital Albert Einstein, de São Paulo (SP), apontou que reconhecer os problemas da saúde no país é o primeiro passo para promover mudanças. “A consciência de que temos uma estrutura ineficiente na saúde é fundamental para mudá-la. O sistema brasileiro não precisa de leitos, e sim de eficiência”, afirmou.
No “decálogo das ineficiências”, ele colocou os baixos padrões éticos, a realização de procedimentos desnecessários, baixa padronização e previsibilidade dos processos, desbalanceamento de recursos (que causam filas, ociosidade e desperdício), subaproveitamento da capacidade operacional, entre outros.
Alceu Alves da Silva, superintendente executivo do Hospital Mãe de Deus, deu sequência ao painel. Para ele, melhores resultados passam necessariamente pela transformação tecnológica dos processos e pelo empoderamento das operações. “A essência da nossa atividade é fazer a operação hospitalar. E hoje há uma distância muito grande entre estratégia e operação. Essa é uma barreira que nós mesmos [gestores] criamos e agora precisamos trabalhar para derrubar”, defendeu.
Novas dinâmicas para superar os desafios
Em “Produtividade e melhoria dos processos em centro cirúrgico”, Luis Paulo Souza, diretor da GE Healthcare, citou as taxas de ocupação e o tempo de cirurgias por especialidades como pontos críticos a serem aperfeiçoados. Segundo ele, esses são desafios que precisam ser encarados por profissionais e organizações. “Os mesmos hábitos e as mesmas tecnologias nos levam a resultados conhecidos. Ao inserirmos novas tecnologias e adotarmos uma nova postura diante dos problemas, temos um potencial de transformação muito maior”, disse.
Melina Schuch e Frederico Tarrago, do Hospital Moinhos de Vento, complementaram o painel apresentando detalhes do Lean. “Essa metodologia simplifica as coisas, muda culturas e derruba barreiras”, afirmou Melina.
“A audácia e a eficiência dos modelos de gestão apresentados hoje fazem com que repensemos e mesmo reformulemos algumas das nossas estratégias. Essa é uma das grandes virtudes deste seminário”, avalia Adriana Acker, diretora superintendente do Grupo Hospitalar Conceição e integrante do Conselho de Administração do SINDIHOSPA. Ela coordenou a última mesa do dia, que teve a presença de Rogério Caiuby, diretor de estratégia e projetos do Hospital Sírio-Libanês, e Tereza Veloso, diretora técnica médica da SulAmérica Saúde.
Ambos discorreram sobre as práticas que estão alterando a realidade de seus segmentos. Veloso detalhou a ruptura promovida pela SulAmérica na relação entre operadores e prestadores. Segundo ela, a empresa estabeleceu uma tabela própria de preços para reduzir custos e atuar mais próxima de fabricantes, das instituições e dos próprios médicos. Caiuby sintetizou algumas das principais questões da manhã de debates: “um resumo da grande transformação do setor é a migração do conceito de gestão por volume para a gestão por valor. Não chegamos a essa realidade sem quebrar paradigmas”.
O próximo Seminário de Gestão – Tendência e Inovações em Saúde está previsto para o mês de agosto. A comissão organizadora pretende manter o padrão de trazer profissionais de referência para compartilharem seus conhecimentos e, assim, auxiliar no aprimoramento da gestão dos serviços de saúde do Rio Grande do Sul.