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Por Carol Gonçalves
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Expectativas
Silva, da Cypress, aposta que nos próximos anos haverá muitas movimentações referentes a Fusões & Aquisições no mercado brasileiro. “Entre os prestadores de serviço de saúde, oftalmologia, cardiologia e hemodiálise são alguns segmentos que já chamaram a atenção dos investidores”, acrescenta.
Por sua vez, Hajjar e Sauer, da Progresso Capital Partners, ressaltam que a área de saúde e hospitalar, em particular, vem passando por um processo de consolidação. “Vários hospitais ainda são de origem familiar e carecem de uma gestão eficiente, de ganhos de escala e de padronização de serviços, o que vem ocorrendo há mais de 10 anos no setor de medicina diagnóstica”.
Melhores serviços
A entrada de investidores nos hospitais, estrangeiros ou não, busca sempre crescimento e maior eficiência. “Acredito que a melhoria dos serviços prestados seja uma consequência destes dois fatores, aliada à maior competição entre prestadores, principalmente nos grandes centros”, conta Silva, da Cypress.
Por exemplo, algumas formas de se obter maior eficiência são melhorar os processos aumentando a capacidade de atendimento de pronto-socorro, ou introduzir novas tecnologias que permitam um diagnóstico mais preciso. “O crescimento, normalmente direcionado por uma demanda reprimida, também é de grande interesse para os pacientes em geral. E a concorrência, como em qualquer outro setor, também na saúde estimula os prestadores a ofertarem melhores serviços, a preços competitivos”, acrescenta.
Com relação a esse assunto, Hajjar e Sauer, da Progresso Capital Partners, dizem que as grandes empresas do setor seguramente trazem com eles as boas práticas de outros países. “Não somente os estrangeiros, mas também os investidores qualificados em geral, costumam agregar governança corporativa, adoção de procedimentos padrão, estabelecimentos de metas inclusive de atendimento e satisfação do cliente”, salientam.
Como exemplo, a United Health possui uma divisão de tecnologia e serviços de informação chamada Optum, com presença em 125 países, e quer usá-la no Brasil. “Isso deve trazer benefícios aos beneficiários através de melhor qualidade do serviço”, revelam os entrevistados.
Impacto na administração
“Uma das principais carências nos hospitais brasileiros é a gestão profissional, com a utilização de práticas voltadas a eficiência, suporte a tomada de decisão e transparência”, acredita Silva, da Cypress. Normalmente quando um investidor entra em um hospital, ele busca trazer profissionais experientes de mercado, alinhado com estas práticas de gestão. O gestor busca então propagá-las nos demais níveis, em um movimento de mudança cultural. “Obviamente isso causa impacto na rotina, pois é necessária uma mudança de hábitos, porém, no médio prazo, significa melhores resultados para o negócio e maior capacitação e atualização profissional para as equipes”, expõe.
Como exemplo, Hajjar e Sauer, da Progresso Capital Partners, citam empresas do setor de medicina diagnóstica, como a DASA e Fleury, que melhoraram seu atendimento em comparação há 10, 20 anos.
Case
Entre 2010 e 2011, a Cypress assessorou a COI – Clínicas Oncológicas Integradas em uma operação de captação pioneira no segmento de oncologia. A COI era uma empresa com alto nível de governança implantada e que buscava se financiar para conduzir um plano de crescimento acelerado. “Na discussão da estratégia da transação, concluímos com o cliente que, em função do volume a ser captado e a complexidade de implementação, o melhor modelo seria buscar a captação junto a um fundo de private equity”, explica Silva.
Este novo sócio, além do capital, traria também um apoio à empresa na definição e implementação da estratégia – o que é chamado de smart money. Os desafios para a captação, de acordo com o sócio da Cypress, eram a pouca familiaridade dos investidores com o negócio de clínicas oncológicas e a restrição naquele momento ao capital estrangeiro nas empresas do setor, dado que em geral, ao menos parte do capital destes fundos é de origem estrangeira.
“Para superar o desconhecimento do setor, elaboramos um material detalhado sobre o mercado e a empresa, que apresentamos a cada um dos investidores. Eles, então, puderam avaliar a oportunidade com maior segurança e, confirmado o interesse, fizeram suas ofertas preliminares”, conta. Para a limitação ao capital estrangeiro, foi construída uma estrutura de dívida conversível, que poderia ser transformada em participação societária caso a legislação passasse a permitir.
Matéria originalmente publicada na Revista Hospitais Brasil edição 85, de maio/junho de 2017. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-85-revista-hospitais-brasil