Por Carol Gonçalves
Evitar o surgimento de doenças e reduzir a sua incidência na população estão entre os principais objetivos da área da saúde. Por isso, para o sucesso de uma política de prevenção, a Tecnologia da Informação é a principal aliada. É o que destaca Paulo Magnus, presidente da MV, especializada em sistemas de gestão de saúde.
Segundo ele, a TI permite o controle de informações estratégicas e garante o desenvolvimento de ações direcionadas. “O RES – Registro Eletrônico de Saúde, por exemplo, é a solução que pode assegurar a interoperabilidade das informações relacionadas à saúde do cidadão, permitindo que sejam compartilhadas entre sistemas e unidades públicas ou privadas”, conta.
Na saúde suplementar, o acesso a esses dados integrados torna-se útil pela possibilidade de gerar indicadores. “No que diz respeito à atividade do profissional médico, o acesso a mais informações sobre os eventos assistenciais do paciente pode ajudar a conduzir tratamentos de forma mais assertiva, rápida, menos onerosa e ainda possibilitar a identificação de possíveis riscos a partir da análise de informações clínicas, tanto do paciente quanto de seus familiares e grupos de risco dos quais faz parte”, expõe Magnus.
Além disso, aponta que a incorporação de aplicativos e wearables no cotidiano das pessoas para monitoramento de hábitos e sinais vitais contribui para reunir ainda mais dados, engajar os indivíduos no processo de cuidado e, com isso, melhorar sua qualidade de vida.
Prevenção
Para o presidente da MV, o modelo ideal de gestão em saúde está baseado na promoção da prevenção, em vez de se limitar a oferecer suporte no tratamento das doenças. “Com o avanço dos sistemas informatizados, se faz cada vez mais necessário o reconhecimento de que agregar inteligência à operação cotidiana possibilita a prática das medicinas preventiva e preditiva, reduzindo custos hospitalares com a inibição, por exemplo, da excessiva realização de exames, da permanência prolongada do paciente no hospital, da recorrência de internações desnecessárias e do uso indiscriminado de material hospitalar”, explica.
Segundo o profissional, o modelo fee for service (pelo qual o prestador é remunerado por procedimento) na saúde está com os dias contados porque, com recursos finitos e demandas infinitas, as contas das instituições não fecham e isso resulta em insustentabilidade financeira. “Por ter como foco evitar doenças ou detectar o diagnóstico precoce da enfermidade, a medicina preventiva possibilita conduzir a assistência à saúde de maneira a evitar procedimentos redundantes e fazer com que tratamentos mais efetivos sejam prescritos. Dessa forma, os hospitais elevam a qualidade e o potencial de atendimento ao paciente”.
Já a Dra. Ana Cláudia Pinto, diretora de produtos da Healthways, empresa especialista em desenvolvimento e implantação de programas de gestão de saúde e bem-estar, ressalta que o hospital sempre vai ter seu papel. Afinal, quando uma pessoa está gravemente doente ou apresenta um episódio agudo, ela precisará ir a uma instituição de saúde. “Quando se fala em evitar procedimentos hospitalares, são em situações que podem ser prevenidas. Existem casos em que, se for realizado um tratamento adequado, sessões de fisioterapia e acompanhamento, é possível postergar ou evitar uma cirurgia que não seria necessária no momento. Alguns casos de hérnia de disco, por exemplo, podem ser revertidos com tratamento fisioterápico”, salienta.
De acordo com a médica, não dá para fazer um modelo preditivo para saber quantas pessoas vão sofrer acidente no ano que vem, mas é possível saber quem são as que têm chance maior de fazer uma cirurgia de coluna e, assim, trabalhar com elas, evitando que a cirurgia seja feita de forma desnecessária.