Por Carol Gonçalves
Para monitorar a saúde dos participantes da sua rede, o Grupo São Francisco, em parceria com uma startup, criou o app BIO. O aplicativo, que contou com investimento de R$ 3,5 milhões e possui 6.000 usuários, já reduziu em 32% o número de internações dos pacientes cadastrados, em 23% as consultas ambulatoriais e em 25% a quantidade de clientes no pronto-socorro.
“Com ações preventivas como essa, conseguimos aumentar a conscientização das pessoas sobre os cuidados com a saúde e evitar, muitas vezes, o uso de recursos para o tratamento de doenças que foram prevenidas ou detectadas ainda no começo”, explica o Dr. Carlos Braga, gerente médico de Saúde Preventiva do grupo.
O app, que pode ser baixado gratuitamente, recebe atualizações e novas funcionalidades periodicamente. A mais recente incluiu o “status de humor”, que possibilita ao usuário classificar seu estado de espírito diariamente por meio de emoticons. Ainda nessa linha, a empresa iniciou um processo de gamificação que permite a definição de emoticons para os principais sintomas. Na próxima atualização, o layout ficará mais simples e moderno. “Incluiremos um contador de passos, um novo mapa de medicamentos e pequenos ajustes solicitados pelos usuários”, adianta o médico.
Em longo prazo, o objetivo é acrescentar um contador de calorias e lembretes para o consumo regular de água. Além disso, o Grupo São Francisco aguarda a aprovação da Anvisa para adicionar equipamentos de Internet das Coisas (IoT) à plataforma que, com o recurso, ficará menos dependente da inserção de dados dos pacientes.
Interação
Os usuários precisam inserir regularmente no app informações relacionadas à sua saúde, como alimentação, dores e questões relacionadas à pressão arterial, entre outras. As mulheres em puerpério, por exemplo, podem adicionar no seu histórico dados referentes à sua recuperação e amamentação, além de tirar dúvidas ao longo do processo. “O BIO lembra muito uma rede social, é bem intuitivo e fácil de usar. O beneficiário consegue, sempre que quiser, ter acesso às informações já adicionadas e às orientações dos especialistas”, explica.
O acompanhamento 24 horas é feito por uma equipe composta por 28 enfermeiros, quatro médicos e um líder, que direciona o paciente de acordo com o relato. “Por isso, é fundamental ter um grupo de trabalho comprometido, centrado na prevenção”, acrescenta o Dr. Braga. Até agora, o número de interações é bem expressivo: cerca de 200.000 fotos e conversas de texto.
Cada usuário do aplicativo é atrelado a um enfermeiro tutor. O profissional é responsável por essa pessoa, orientando, facilitando e direcionando todas as suas necessidades. Além destas ações, o enfermeiro deve orientar o beneficiário na utilização do plano de saúde, facilitando o agendamento de consultas, exames e acompanhando internações.
Para operar com esse sistema, cada profissional, no início de sua atuação, recebe um treinamento específico, além de ter disponível todos os protocolos e fluxos de trabalho. Periodicamente, são realizados treinamentos constantes com a equipe.
Dr. Braga conta que o valor investido na solução se paga com facilidade, pois a otimização do uso dos serviços é muito expressiva. “Em síntese, o app nos ajuda na redução dos desperdícios e no melhor direcionamento do usuário na rede de atendimento”, expõe.
Falando em números, ele ressalta que para cada R$ 1,00 aplicado, houve R$ 5,37 de redução de sinistralidade. “Isso significa que poderíamos ter gastado quase
R$ 19 milhões em atendimentos ‘desnecessários’, se não fossem os R$ 3,5 milhões investidos”.
Avaliação
Os usuários têm avaliado positivamente a ferramenta. A última pesquisa de satisfação mostrou 97% de aprovação. “O app é desenhado para ser o assistente pessoal de saúde, e é isso que ele tem sido. A solução de fato entrou na rotina das pessoas, sendo um importante aliado nos tratamentos médicos e de saúde como um todo”, salienta o gerente médico.
Para os profissionais de saúde, a ferramenta tem se mostrado um ótimo recurso para otimizar o atendimento. Isso porque, por meio dela, é possível consultar todas as informações do paciente, não só dados clínicos como doenças, exames e histórico de internações, mas também sinais, sintomas, dados alimentares, estado de humor, atividades físicas, aferições, como pressão arterial e glicemia, entre outras.
Outro ponto importante, de acordo com o Dr. Braga, é que todas as orientações passadas para os pacientes ficam armazenadas ali, permitindo o uso em outra consulta sempre que for necessário.
Matéria originalmente publicada na Revista Hospitais Brasil edição 86, de julho/agosto de 2017. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-86-revista-hospitais-brasil