Resultados de um estudo observacional multinacional que investigou o estado nutricional na América Latina revelam que pacientes de unidades de tratamento intensivo (UTIs) não estão recebendo suporte nutricional. Os resultados foram coletados em 116 hospitais em oito países da América Latina. O estudo observacional no formato de um dia de identificação avaliou 1.053 pacientes com doenças graves que receberam nutrição enteral e/ou parenteral no screening day e no dia anterior. Os resultados mostraram que 74% dos pacientes estavam moderada ou gravemente desnutridos
Publicado recentemente na renomada revista médica internacional Critical Care, intitulado “Current Clinical Nutrition Practices in Critically Ill Patients in Latin America: A multinational observational study“, os resultados também revelam que 47,6% dos pacientes de UTIs sofriam de déficit proteico e 40,3% de déficit calórico, no screening day.
Uma análise adicional mostra que os pacientes que receberam uma combinação de nutrição enteral e parenteral tinham menor probabilidade de sofrer de déficits calórico e proteico. Apenas 28,3% dos pacientes que receberam uma combinação de nutrição enteral e parenteral e 36,4% dos pacientes que receberam apenas nutrição parenteral apresentaram um déficit calórico, em comparação com 42,4% dos pacientes que receberam apenas nutrição enteral. De forma similar, 50,3% dos pacientes que receberam apenas nutrição enteral tiveram um déficit proteico, em comparação com apenas 36,2% no grupo que recebeu uma combinação de enteral e parenteral, e 37,4% no grupo que recebeu apenas nutrição parenteral.
Portanto, a forma mais eficaz de suporte nutricional parece ser a nutrição parenteral suplementar, que aumenta a possibilidade de os pacientes atingirem suas metas energéticas diárias em 64%, e a possibilidade de atingirem as metas energética e proteica combinadas em 56%, em comparação com a nutrição enteral sozinha. Apesar disso, a integração da nutrição parenteral suplementar dentro da administração da nutrição atual era baixa nos hospitais participantes, de apenas 11%.
A desnutrição não tratada em hospitais leva a um maior risco de resultados clínicos deficientes, maior taxa de readmissão e maior risco de mortalidade. A dedicação adequada de recursos para assegurar que os pacientes sejam corretamente identificados e avaliados quanto à desnutrição é necessária para minimizar o risco.
“A desnutrição é um problema sério em nossa rotina clínica diária”, afirmou o Dr. Karin Papapietro Vallejo, médico e Chefe de Terapia de Nutrição Clínica do Hospital Clínico de la Universidad de Chile, e um dos autores do estudo. “Nossos achados mais recentes revelam o valor da nutrição parenteral particularmente em pacientes na UTI. Esta informação destaca a importância de implementar um protocolo de nutrição de acordo com diretrizes e recomendações para melhorar o aporte de energia e proteína dos pacientes criticamente doentes hospitalizados”.
O Screening Day América Latina é parte da “Unidos pela Nutrição Clínica”, uma iniciativa lançada em 2015 pela Fresenius Kabi, uma empresa global da área de saúde, especializada em nutrição clínica. Para isso, 116 hospitais em oito países latino-americanos (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá e Peru) participaram do estudo que caracterizou a prática da nutrição clínica em 1.053 pacientes de UTIs. Os resultados iniciais e os relatórios do estudo podem ser encontrados no site da campanha: www.unitedforclinicalnutrition.com