A busca pela qualidade de vida e bem-estar tem levado cada vez mais pessoas a realizar alguma atividade, seja na academia ou ao ar livre. Claro que exercitar o corpo é essencial para manter a saúde física e mental, seja por meio de caminhadas, corridas, esportes ou dança. Mas quem pratica atividades físicas, por hobby, necessidade ou profissionalmente, deve ter atenção e cuidado para não ultrapassar o limite do corpo e acabar sofrendo alguma lesão.
Apesar de serem as “vítimas mais comuns”, joelho e pé não são as únicas partes do corpo afetadas pelas atividades físicas. O ombro ocupa um lugar expressivo nas estatísticas de problemas nas articulações. Exercícios repetitivos, realizados de forma incorreta e utilizando peso excessivo, ocasionam diversos tipos de lesões nesta parte do corpo.
A frequência de movimentos de levantamento de peso, por exemplo, pode causar microtraumas repetitivos, levando a múltiplas fraturas ósseas por estresse. Na maioria das vezes, o paciente queixa-se de dor na região, que é agravada pela musculação.
Em alguns casos, a pessoa pode até enfrentar dificuldade para dormir no lado afetado. Assim, o exame físico é de extrema importância para localizar o local exato da dor, que pode ser amenizada por meio tratamentos medicamentosos ou por fisioterapia.
O tratamento baseia-se ainda na prevenção de movimentos, assim como a alteração do peso e das técnicas de treinamento, massagem com gelo e anti-inflamatórios. Algumas das modificações incluem: pegada mais estreita na barra (a distância entre as mãos deve ser de 1,5 vezes a largura dos ombros), intervalo mais curto de movimento (especialmente no supino, tentando manter a barra a pelo menos 10 cm de distância do peito), substituindo ou adaptando o exercício com mais risco de causar estresse na região da articulação.
Também é aconselhável o exercício cabo crossover (cruzamento) para substituir o supino, declínio de haltere em vez de mergulho e supino inclinado com barra reta no lugar de “push-ups“.
Em pacientes que não respondem ao tratamento tradicional, opta-se pela intervenção cirúrgica. Existem várias técnicas para o procedimento, desde a fixação com pinos, sem a necessidade de corte, técnicas que utilizam uma pequena incisão para reparar os ligamentos e até o uso de enxerto de tendões para as lesões mais graves. A reabilitação deve começar o mais cedo possível, um dia após a realização do procedimento.
Com a chegada do verão, é comum acelerar um pouco o ritmo. Mas o importante é manter o bom senso e lembrar dos limites de cada um, evitando a fadiga muscular e complicações com as articulações.
Dr. Lúcio Ernlund é diretor médico do Instituto de Joelho e Ombro (IJO), presidente da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE) e ex-diretor médico da equipe do Coritiba