Leia a primeira parte desta matéria em: www.revistahospitaisbrasil.com.br/noticias/receitas-caem-despesas-crescem-a-dura-realidade-do-setor-parte-1
Por Carol Gonçalves
AÇÕES
Embora esses dados mostrem a situação dos hospitais associados à Anahp, eles ilustram os movimentos que o mercado da área da saúde tem vivenciado nos últimos tempos. A entidade considera fundamental que as instituições coloquem na pauta das suas agendas estratégicas um plano de ação que as direcione na busca da análise de desempenho por margem e não apenas por receita, à revisão do mix de especialidades e de convênios, à redução dos custos, ao avanço nas questões de governança clínica, aos cuidados nas negociações de migração de margens de medicamentos, materiais, dietas e gasoterapia e à inclusão de reajuste automático nas diárias e taxas, entre outras ações.
Segundo análise publicada no Observatório, se de um lado estamos sendo sistematicamente levados a discutir o futuro e um novo modelo de remuneração, de outro, é absolutamente necessário perceber que há uma forte e efetiva desconstrução do modelo atual, em que a intervenção proposta o descaracteriza e reduz de forma importante as margens atuais.
O continuado aumento dos custos e despesas acima do crescimento das receitas não é apenas um importante alerta, mas também um grande indicador para que este contexto seja observado e redirecionado.
Segundo especialistas, a economia brasileira deve começar a retomar o crescimento em 2017, e alguns mais otimistas têm projeções para uma melhora a partir do segundo semestre de 2016.
Para acompanhar os grandes desafios do setor, Balestrin considera essencial que os hospitais invistam continuamente em infraestrutura, em novos modelos de gestão e na informatização de seu atendimento para manter o padrão de qualidade. Este movimento, por sua vez, demanda cada vez mais recursos que impactam as receitas e despesas das instituições.
“As projeções pessimistas da economia serão refletidas em todos os setores e devemos nos preparar para essa realidade, evitando endividamentos, analisando adequadamente os investimentos em expansão, entre outras medidas que proporcionem um olhar mais cauteloso para as decisões”, expõe.
Em sua opinião, os gestores precisam, acima de tudo, entender o novo perfil de paciente e as demandas atuais da saúde, para que as transformações no modelo de atenção sejam efetivas. “Eles devem compreender a importância da governança clínica e corporativa nos hospitais e a necessidade de programas de acreditação”, ressalta.
GESTÃO DE RISCOS
Com o aumento das despesas e a diminuição das receitas, os hospitais precisam prevenir, tratar e gerir as ameaças que afetam o negócio. Afinal, uma boa gestão administrativa pode garantir, além da perenidade da organização, a qualidade no atendimento ao paciente.
O conceito de gestão de riscos para quem trabalha em hospitais é bastante conhecido e envolve a segurança do paciente e dos profissionais, mas existe outra oportunidade ainda pouco explorada: a abordagem de Gestão dos Riscos de Negócio, que é amplamente utilizada e com excelentes resultados em outros setores, como telecomunicações, energia, agronegócio, varejo, transporte e financeiro.
“Observa-se uma abertura deste mercado para o entendimento de seus riscos gerenciais como um dos pontos principais a serem considerados para o crescimento sustentável da organização, sabendo que é possível ampliar a capacidade de gerar valor aos negócios, garantindo o equilíbrio entre eficiência operacional e proteção dos processos”, descreve Luis Guilherme Whitaker, Gerente Executivo de Gestão de Riscos de Negócios da ICTS Protiviti.
Hospitais que optam por não darem a devida prioridade à gestão de seus riscos estão expostos aos mesmos problemas que a maior parte das empresas: insuficiência de caixa, margens apertadas, indisponibilidade e/ou desvio de ativos, falta de indicadores, ineficiências no processo, falhas e fraudes. Portanto, segundo ele, é fundamental conhecer e gerenciar os principais riscos da organização, de forma ampla, estruturada e alinhada à sua estratégia.
“A adoção da Gestão de Riscos de Negócio traz melhoria e preservação dos resultados operacionais e financeiros, valorização da organização, minimização de riscos e aumento de eficiência e segurança dos processos. A abordagem prepara as organizações para prevenir, tratar e gerir continuamente os problemas potenciais presentes na condução e operação dos negócios”, aponta Whitaker.
A Gestão de Riscos de Negócio é composta por três etapas:
Diagnóstico – levantamento e entendimento da situação considerando as camadas de processos, sistemas, pessoas, infraestrutura e gestão. Vulnerabilidades são identificadas e classificadas;
Desenvolvimento das soluções – definição e abordagem para a implantação;
Implantação das soluções – priorizar as ações de ganho rápido (baixo esforço, benefício alto) e as de caminho crítico (em que outras soluções são dependentes para evoluir).
(Continua…)