Sepse, conhecida como infecção generalizada ou falência múltipla dos órgãos, continua sendo um grande desafio para profissionais de saúde do mundo todo. No Brasil, a síndrome continua a matar cerca de 200 mil brasileiros por ano, correspondendo a uma média de 50% dos pacientes acometidos (400 mil/ano).
O Brasil tem uma das maiores mortalidades de sepse do mundo. Alguns estudos epidemiológicos mostram que a mortalidade brasileira por sepse é maior do que a de países economicamente semelhante, como a Índia e a Argentina. Dados de estudos epidemiológicos brasileiros, coordenados pelo ILAS – Instituto Latino Americano de Sepse, apontam que cerca de 17% dos leitos de UTIs no país são ocupados por pacientes com sepse grave; e a taxa de mortalidade chega a alcançar 55% dos pacientes que apresentam sepse nas UTIs brasileiras. Na última década, a taxa de incidência da doença aumentou entre 8% e 13% em relação à década passada, sendo responsável por mais óbitos do que alguns tipos de câncer, como o de mama e o de intestino.
A alta taxa de mortalidade e morbidade por sepse em nosso país é devido a uma série de fatores. Acredita-se que o pouco conhecimento da população sobre a doença e a dificuldade dos profissionais de saúde em diagnosticar rapidamente a síndrome sejam razões importantes que devem ser trabalhadas. “A sepse é uma doença cujas características e sintomas são muito inespecíficas e cujo reconhecimento e internação precoces fazem toda a diferença no tratamento, pois as primeiras horas são importantíssimas para o tratamento com antibioticoterapia e reposição volêmica”, explica a médica intensivista Dr. Luciano Azevedo, presidente do ILAS.
Crianças, idosos e pessoas com sistema imune deficiente, como pacientes com HIV ou com câncer, estão no grupo de maior risco. “A sepse pode começar com uma infecção, como a pneumonia ou uma infecção urinária, que se não tratada adequadamente pode evoluir e levar ao óbito”, esclarece Dra. Flávia Machado.