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Avanços e desafios no tratamento oncológico são debatidos em Cuiabá

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Foto: Kamila Martins

Quando a palavra “câncer” é pronunciada, muitas vezes vem associada aos sentimentos de medo e insegurança. Não é para menos: a doença está entre as maiores causas de mortes no Brasil e no mundo. Tanto que para difundir o tema, bem como incentivar a formação de profissionais com uma visão ampla e crítica sobre o assunto, foi realizado, no último final de semana, o II Curso de Oncologia Básica, no Hospital do Câncer de Mato Grosso (HCanMT).

Promovido pelo Núcleo de Integração, Ensino, Pesquisa e Saúde (Nieps) da instituição, o evento reuniu renomados profissionais da área oncológica e estudantes da área de saúde – como Medicina, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia – em prol do intercâmbio de informações sobre o tema.

Para o médico responsável técnico pelo serviço de Oncologia do Santa Rosa Onco, o oncologista clínico Bruno Heringer, que palestrou sobre “Princípios e Avanços do Tratamento Antitumoral em Quimioterapia”, apesar de termos obtido grandes avanços nas últimas décadas – com importantes conquistas no controle de alguns tipos de câncer – o futuro ainda reserva números que assustam devido a falta de conhecimento por parte da sociedade e de equipes multidisciplinares da saúde. Por isso, é vital a ampliação de debates como este acerca do assunto.

“Este é um campo ainda muito pouco abordado dentro das faculdades e nas áreas da saúde em geral. Isto trouxe prejuízo para seu desenvolvimento e, por outro lado, uma maior necessidade de se estar prestando mais atenção ao tema – buscando novas tecnologia e incentivando a pesquisa. Estamos assistindo a mortalidade diminuir, mas a incidência aumentar. É preciso ser mais assertivo. Há uma discrepância entre necessidade e investimento”, pondera.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, foram registradas 635 mortes por câncer em 2016 no município – ou seja, uma média de duas mortes por dia para cada 100 mil habitantes. Destas, aproximadamente 84 foram causadas pelo câncer de pulmão, 69 pelo câncer de mama, 52 pelo câncer de próstata, 48 pelo câncer no estômago e 24 em virtude do câncer do colo de útero, entre outros tipos notificados.

No entanto, antes de se falar sobre o futuro da Oncologia, bem como da Quimioterapia e outros tipos de tratamentos, é preciso ressaltar a importância da prevenção. “O ideal seria se prevenir ao máximo. Quase 95% dos tipos de câncer não são de origem hereditária. E sim, adquiridos. Nos próximo anos, veremos cada vez mais a individualização do perfil molecular e genético do tumor. Isto dará as melhores respostas. Afinal, o tratamento ideal não é igual receita de bolo – mesma base para todos”, explica Bruno.

PERSPECTIVA – Conforme estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), serão detectados cerca de 45 mil novos casos de câncer em 2017 na região Centro-Oeste. Isto, em um panorama de 600 mil novos casos de câncer no Brasil. Diante desse quadro, o médico radio-oncologista do Santa Rosa Onco Otávio Vieira pontuou, durante palestra, que diversos avanços vêm sendo empreendidos na Medicina para se diagnosticar e tratar tumores.

“A estimativa do Inca é de que 70% dos tratamentos dos pacientes serão realizados por radioterapia, de forma exclusiva ou não. Um dos métodos mais modernos para poder fazer o tratamento hoje é a IGRT (Radioterapia Guiada Por Imagem), que é aplicada antes e durante o tratamento, permitindo a entrega da dose na posição corrigida. Hoje, sabemos que ‘imagem’ em tecnologia aumenta a sobrevida do paciente e, principalmente, melhora sua qualidade de vida”, explica.

ALERTA – Anciã dos cuidados voltados aos pacientes com câncer, a cirurgia faz parte do tratamento inicial de cerca de 75% desses casos. Aproximadamente 90% deles, em algum momento, irão necessitar de alguma cirurgia com finalidade de diagnóstico, tratamento ou suporte para outras terapias. No entanto, nem sempre a cirurgia é o primeiro tratamento a ser feito.

“A primeira cirurgia é sempre a sua melhor chance. Chegar ‘virgem’ ao cirurgião oncológico permite que o profissional possa propor a melhor abordagem para o caso. Vale ressaltar que a equipe multidisciplinar neste processo também é de extremo valor. Afinal, somos como uma grande orquestra. Cada um tocando um instrumento, com sua importância, para conseguir criar e executar uma sinfonia harmônica”, ressalta o cirurgião oncológico do Santa Rosa Onco Rafael Sodré.

Rafael ainda alerta que é preciso notificar os casos identificados. “Em Mato Grosso, um dado que sempre achei preocupante é que somos muito subnotificados. Por exemplo, na Capital, o melanoma aparece nas estatísticas com presença inferior a 10 casos. Mas, costumamos atender cerca de 10 por mês. Outro exemplo é o câncer de tireoide em homens. Esta é uma falha grave e que, por consequência, gera menos investimentos na área e menos pessoas em tratamento”, destaca.


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